CFMoto 450 MT: boa, bonita e barata, esta mota tem tudo para ser um sucesso

CFMoto 450 MT: boa, bonita e barata, esta mota tem tudo para ser um sucesso

Não se via tanta excitação em torno de uma mota do segmento trail desde 2019, quando a Yamaha lançou a Ténéré 700.
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A CFMOTO existe há 35 anos. Foi fundada em 1989 na cidade de Hangzhou, na China, tem mais de 205 patentes tecnológicas registadas, emprega mais de 5500 pessoas e está cotada na Bolsa de Valores de Xangai.

Além da China, a empresa tem centros de investigação e desenvolvimento na América do Norte e em Itália, bem como fábricas não só no próprio país, mas também em Taiwan e no México. Ao todo, conta com quatro mil concessionários em todo o mundo. 

Desde 2013, a CFMOTO tem uma parceria com a KTM que, além de garantir a produção de unidades motrizes para o construtor austríaco, permitiu à marca chinesa comprar os direitos de produção de alguns dos seus motores. Já tínhamos testado toda a gama, quando a marca entrou no mercado nacional em 2021. Agora, com uma oferta mais alargada, destacamos a mota de aventura mais esperada de 2024.

Depois do entusiasmo durante anos com as big-trail, os utilizadores deste tipo de mota têm vindo a fazer um downsizing para motas de cilindrada mais baixa. Sobretudo aqueles que gostam de todo-o-terreno pela simples razão de que, motas mais leves são mais fáceis de manobrar em condições adversas. 

O aparecimento da CFMoto 450 MT é como uma espécie de unicórnio em resposta às preces dos motociclistas que têm o gosto pela aventura fora de estrada: esteticamente bem conseguida, a marca recorre ao estúdio de design Kiska que pertence à KTM; mecânica atual ao utilizar um pequeno motor bicilíndrico paralelo com 449 cc, capaz de produzir 43 cv; polivalência ao permitir uma utilização diária como meio de transporte e partir à descoberta durante o fim de semana. Mas não podemos menosprezar o preço que é extremamente competitivo.

Ao subir para a mota, somos surpreendidos com o assento, que na altura mais baixa (800 mm) permite a alguém com 1,70 metros apoiar os dois pés no chão, a altura normal são 820 mm. Como alternativa existe ainda um banco plano que coloca a altura ao chão em 870 mm, mas permite mais liberdade de movimentos em cima da mota.

O cockpit apresenta uma boa ergonomia, com um guiador largo e manetes de travão e embraiagem ajustáveis. Com a última a ter um acionamento leve e muito suave. O vidro frontal tem regulação manual e temos à disposição duas portas USB. O painel de instrumentos é apresentado num ecrã TFT onde nos é mostrada toda a informação relevante com a possibilidade de poder ser emparelhado com o smartphone através da aplicação CFMoto Ride. 

Assim que se coloca o motor a trabalhar não podemos deixar de encontrar semelhanças no seu funcionamento com o propulsor que equipa a 800 MT com origem no LC8 da KTM. Com o caráter do som do escape de origem a revelar-se um dos aspetos favoritos desta mota. A autoestrada não será o ambiente preferido da 450 MT, onde a relação curta das mudanças faz com que aos 140 km/h se esteja a rodar acima da rotação recomendável para o pequeno motor. Há quem resolva a questão alterando a transmissão substituindo o pinhão de ataque original de 14 dentes, por um de 16, embora possa comprometer o comportamento em fora de estrada. É nas estradas nacionais e sobretudo em percursos todo-o-terreno que a 450 MT parece estar no seu ambiente natural. As rodas com pneus tubless e diâmetro de 21 polegadas na frente e 18” atrás confirmam as pretensões desta mota em querer levar o motociclista para maus caminhos. 

Para lidar com as irregularidades do terreno e superar obstáculos, temos 200 mm de curso nas suspensões com um amortecedor totalmente ajustável Kayaba e forquilha da mesma marca com bainhas de 41 mm, ajustável em compressão e extensão. Ao longo do teste percebemos que o segredo para o seu bom funcionamento nos trilhos é a afinação. 

Neste ambiente, o ABS e o controlo de tração podem ser ligados e desligados através de um único botão no lado esquerdo do guiador. E é sempre bom contar com a embraiagem deslizante para não bloquear a roda traseira nas reduções. A caixa tem um acionamento preciso e o motor tem um funcionamento ótimo na faixa média da rotação. Embora a 450 MT permita levar mais uma pessoa, não será recomendável em viagens longas, sobretudo em autoestrada. 

Pilotar a 450 MT de pé, fora de estrada é uma tarefa fácil quando a agilidade do quadro parece esconder os 185 quilos desta mota. Para maior controlo podem ser retiradas as inserções de borracha dos apoios para os pés. Os pneus de origem chinesa Ambro A4 da marca CST provaram competência tanto a fornecer tração, como na travagem, que está a cargo de pinças J. Juan com apenas um disco na frente com 320 mm de diâmetro e um com 240 mm atrás. Segundo a marca, os 17,5 litros de capacidade do depósito de combustível darão para mais de 300 km de autonomia. 

Finalmente o preço, por 5990 euros, pode não ser uma mota perfeita, mas será certamente uma compra acertada para muitos. Não é de estranhar que tenha sido a mota acima dos 250 cc mais vendida em junho no nosso país.

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