Burnout e saúde mental afetam portugueses mas apenas 3% fazem terapia

Burnout e saúde mental afetam portugueses mas apenas 3% fazem terapia

As preocupações financeiras (32%), o stress no trabalho (26%) e a solidão (10%) são os principais fatores apontados para os problemas de saúde mental.
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61% dos portugueses sentem-se esgotados ou em risco de burnout e mais de um terço (36%) têm problemas de saúde mental, mas apenas 3% fazem terapia, revela um inquérito europeu divulgado esta sexta-feira, 3 de outubro.

“No geral, 66% dos europeus já experimentaram esgotamento [burnout], sentiram-se à beira dele ou, pelo menos, relataram sentimentos associados a ele”, um aumento considerável em comparação com o recorde anterior de 60% em 2024”, salienta o ‘STADA Health Report 2025’, realizado em 22 países e citado pela Lusa.

Segundo o estudo, os valores mais elevados foram registados na Irlanda (80%) e na Hungria (76%).

O inquérito indica que as mulheres (71%) são mais propensas a sentirem esgotamento do que os homens (60%), assim como os europeus com menos de 34 anos (75%) em comparação com os das faixas etárias dos 35 aos 54 anos (71%) e dos com 55 anos ou mais (53%).

Entre os 23 países europeus analisados no que diz respeito ao bem-estar psicológico, Portugal surge na 8.ª posição, com 64% dos inquiridos a classificarem a sua saúde mental como “boa” ou “muito boa”. Nesse ranking, Roménia (84%), Bulgária (80%), Sérvia e Suíça (ambas com 74%) apresentam os valores mais altos.

Os portugueses têm mantido uma perceção estável da sua saúde mental, mas com ligeiras melhorias nos indicadores negativos desde 2022, pois a percentagem dos que se consideram com “má saúde mental” caiu de 10% em 2022, para 9% em 2023, 8% em 2024 e para 6% neste ano). Já a avaliação “muito boa” da saúde mental aumentou de 13% em 2022, para 22% em 2023, mas registou ligeiras quedas nos anos seguintes: 20% em 2024 e 19% neste ano.

O estudo mostra ainda que a perceção de que o estilo de vida e a situação económica afetam a saúde mental aumenta com a idade e que 73% consideram ter um estilo de vida saudável e 55% avaliam positivamente a sua situação financeira.

As preocupações financeiras (32%), o stress no trabalho (26%) e a solidão (10%) são os principais fatores apontados para os problemas de saúde mental.

Ainda assim, apenas 21% procuram ajuda externa para melhorar a saúde mental, enquanto 46% recorrem a estratégias próprias e 31% dizem não fazer nada.

Os principais motivos apontados pelos inquiridos para não procurar apoio são o custo (25%), a perceção de ineficácia (22%), o desgaste emocional (9%), sentirem-se estigmatizados quando procuram ajuda (5%) e terem falta de apoio por parte de família e amigos (4%).

Já as principais formas de autocuidado apontadas são passar tempo com amigos e familiares (23%) e fazer exercício físico (19%).

O estudo também avaliou o impacto do teletrabalho, concluindo que teve um impacto positivo para 71% dos portugueses: 42% destacam o melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, 31% dizem sentir-se mais produtivos, 29% afirmam ter menos stress e 23% referem melhoria da saúde mental.

Por outro lado, há quem aponte efeitos negativos, como dificuldades em desconectar-se do trabalho (14%), sentir-se mais isolado e sozinho (13%) e ser mais difícil ficar motivado e focado (11%).

O inquérito mostra igualmente que 60% dos europeus consideram que a saúde mental e física não são tratadas de forma igualitária no sistema de saúde do seu país, sendo essa perceção de desigualdade particularmente forte em Espanha (78%), Hungria e Bulgária (76% cada) e Portugal (70%), ao contrário do que se verificou nas respostas dos inquiridos na Suíça (40%) e no Uzbequistão (47%).

O inquérito online foi realizado pela consultora Human8 em fevereiro e março e contou com amostras de 1000 a 2000 inquiridos, entre os 18 e os 99 anos, em cada país.

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