Avanço da variante Ómicron obriga governos europeus a novas restrições
Portugal está longe de ser caso único na Europa comunitária quanto à decisão governamental de impor novas medidas de controlo da pandemia. Um pouco por todo o lado, os governos vão repondo medidas já antes ensaiadas - mas ainda sem se chegar ao radicalismo de imposições como o recolher obrigatório, limitações sérias da circulação ou prolongamento indefinido do teletrabalho.
O avanço da vacinação fez com que a perigosidade do covid-19 seja hoje bastante inferior à que se registava há um ano. E Portugal é exemplo disso. Se atualmente o número de novos casos diários e casos ativos até é superior, já quando se olha para os óbitos a realidade é bastante diferente: ontem morreram onze pessoas e em 22 de dezembro de 2020 esse número era de 63. A pressão sobre os serviços hospitalares era também completamente diferente. Ontem: 909 internados, dos quais 155 em unidades de cuidados intensivos; há um ano: 3095 internados (508 em cuidados intensivos).
Hoje, em Madrid, o Governo espanhol reunirá e deverão ser anunciadas novas medidas, ontem já conversadas por Pedro Sánchez com os líderes das autonomias. O que está pensado é, por exemplo, o regresso do uso obrigatório de máscara nos espaços públicos exteriores. A Espanha registou quase 50 mil novos casos de covid-19 na terça-feira, o número mais elevado desde o início da pandemia. A incidência acumulada pulou para 695 casos por cada 100 mi habitantes. A autoridade central é, porém, difícil de se fazer sentir. As questões da saúde são de competência autonómica e só avançam se os governos regionais permitirem - o que faz com que o "menu" de medidas possa ser diferente de região para região.
As medidas poderão ir desde o recolher obrigatório (proposto pela região da Catalunha) até à alteração dos critérios de quarentena (solicitada pela de Madrid). Estuda-se a possibilidade do reforço das equipas de vacinação pelas Forças Armadas, assim como colocar à disposição dos hospitais a Rede Sanitária Militar e a intensificação e aceleração do atual processo de vacinação. Ainda de acordo com a imprensa, Pedro Sánchez anunciou o recrutamento de pessoal de saúde reformado e pré-reformado e a autorização para o recrutamento de profissionais com qualificações obtidas em Estados não-membros da UE.
Até agora, a ação mais radical terá sido desencadeada nos País Baixos: confinamento geral pelo menos até meados de janeiro. A restauração fecha (exceto vendas para fora) e no comércio em geral ficam apenas abertos os s supermercados, farmácias, bancos e bombas de gasolina. Continuará o campeonato de futebol - mas sem público. As autoridades dizem que, por causa da variante Ómicron, o número de casos duplica a cada dois ou três dias.
Em França, foi aberta a vacinação para todas as crianças entre os cinco e os 11 anos, de forma voluntária, após o último parecer favorável dos especialistas. O Governo quer que as empresas aumentem o regime de teletrabalho para três ou quatro dias por semana.
Na Alemanha, o Governo e os Estados federados germânicos concordaram com uma série de restrições que entrarão em vigor em 28 de dezembro. A partir dessa data, os aglomerados com mais de dez pessoas estão proibidos e os estabelecimentos de diversão noturna devem ser encerrados.
Em Itália, uma reunião de especialistas vai estudar a possível introdução de novas restrições. O primeiro-ministro, Mario Draghi, afirmou que a vacinação obrigatória da população não está em cima da mesa, embora não esteja totalmente descartada. Entre as medidas que os especialistas irão discutir, o governante referiu especificamente o uso de máscaras ao ar livre, a realização de testes para participar em algumas atividades ou a redução do tempo da validade do certificado sanitário.
Na Finlândia foram também aumentadas as restrições no setor da restauração e na área dos eventos sociais a partir da véspera de Natal. A partir de 24 de dezembro, os bares e restaurantes devem deixar de servir bebidas alcoólicas às 21.00 e terão que encerrar as portas uma hora depois, assim como os seus clientes irão precisar de apresentar o certificado sanitário para entrar nas instalações. As restrições serão ainda mais reforçadas a partir de 28 de dezembro, por um período de três semanas, e afetarão principalmente os bares e discotecas.
A Bélgica estuda impor novamente "bolhas sociais", cancelando alguns eventos e antecipando o encerramento de restaurantes e bares para tentar conter a progressão do novo coronavírus, medidas que estavam ontem a ser decididas. Em contraste, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, descartou novas medidas antes do Natal, mas não afastou a possibilidade de aplicar mais restrições na próxima semana.