As dez descobertas do ano para a Science, da genética a Plutão

Em primeiro lugar surge uma controversa ferramenta de manipulação genética usada para alterar o genoma humano
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A revista científica Science continua a tradição de anunciar as descobertas consideradas mais marcantes do ano 2015. Este ano, as escolhas da revista vão dos pequenos planetas às grandes mudanças no mundo da genética, com o primeiro lugar a calhar à CRISPR, uma técnica de manipulação do genoma dos seres vivos que está a maravilhar o mundo da biologia e da ciência em geral.

A CRISPR não é propriamente nova, tendo surgido em 2012, mas este ano estabeleceu-se como a ferramenta por excelência, pela sua natureza barata e fácil de utilizar, para fazer modificações no genoma de plantas, animais, e mesmo seres humanos É este último uso que tem preocupado alguns cientistas, devido à possibilidade de que a ferramenta pudesse vir a ser usada para fazer modificações genéticas no ser humano.

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Um artigo publicado por investigadores chineses, publicado na revista Protein & Cell, demonstrou que ainda é demasiado cedo para usar com segurança a técnica CRISPR para alterar o genoma de embriões humanos. No princípio deste mês, um consórcio de cientistas de todo o mundo concluiu, após uma conferência em Washington, que embora a investigação sobre alterações genéticas deva continuar a ser feita, é preciso que existam regras para tal, visto que a correção de genes defeituosos pode ter consequências imprevisíveis.

A Science não deixa de mencionar este debate acerca dos prós e contras e da ética da manipulação genética, impulsionado pela facilidade de uso da técnica CRISPR. Quase se pode dizer que "se os cientistas podem sonhar com uma manipulação genética, pode fazer-se com o CRISPR", lê-se no artigo em que a Science anunciou a escolha. "Para melhor ou pior, agora vivemos todos no mundo da CRISPR".

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Mistérios dos "pequenos mundos" Plutão e Ceres em destaque

A revista destaca ainda outras nove grandes descobertas ao longo deste ano, das quais constam a chegada aos planetas anões Plutão e Ceres das sondas New Horizons e Dawn, que permitiram saber mais sobre estes pequenos mundos, desde a mancha rosa de Plutão às misteriosas luzes em Ceres.

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A Science chama ainda a atenção para a descoberta da nova espécie de hominídeo, o Homo naledi, que "saiu da escuridão" da caverna profunda em que se escondia há milhões de anos. A nova espécie de hominídeo mostra uma imagem de uma espécie muito diferente da nossa, mas também muito semelhante, por exemplo no aspeto moderno dos seus pés e dos seus pulsos, que sugere que eram bípedes.

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Iniciativa "sem precedentes" para encontrar vacina do ébola

A busca de uma vacina que combatesse a epidemia do ébola foi "uma desilusão", diz a revista Science, que destaca, porém, o resultado promissor de uma vacina desenvolvida pela Agência de Saúde Pública do Canadá, que foi testada na Guiné-Conacri.

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Outras descobertas destacadas pela revista incluem a modificação do genoma de um tipo de levedura para a fazer produzir opiáceos, a descoberta de um sistema linfático do sistema nervoso, e os avanços na psicologia, que neste ano se restabeleceu como um campo científico capaz de produzir resultados que possam ser repetidos por outros laboratórios que sigam os mesmos métodos.

Após um escândalo de falta de rigor científico ter abalado o campo da psicologia, um grande grupo de investigadores do campo redefiniram como se fazem estas reproduções na psicologia, e criaram um protocolo que, "se fosse seguido por todos, poderia causar o desaparecimento total de falsos positivos nas revistas científicas", escreve a Science.

Também se destacou a investigação que permitiu descobrir a origem do esqueleto pré-histórico do Kennewick Man, um corpo com cerca de 8500 anos descoberto no estado norte-americano de Washington, a confirmação de uma das teorias mais peculiares da física quântica, conhecida como "Quantum Weirdness", e o estudo da parte do interior da Terra conhecida como o manto, realizado pela Universidade da Califórnia.

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