Apreensão de armas brancas aumenta 80%. PSP preocupada com o fenómeno

Portugal tem vindo a registar um aumento na apreensão de armas brancas em contexto de crime. De acordo com dados preliminares da Polícia de Segurança Pública (PSP), relativos ao ano de 2024, foram apreendidas 2632 armas brancas, mais 1171 do que em 2023. O número representa um aumento de 80% face ao ano anterior, quando o total foi de 1461. “Aquilo que sentimos é que tem surgido um grande volume de apreensões ao nível das armas brancas”, começa por dizer ao DN o intendente Paulo Sérgio Costa, do Departamento de Armas e Explosivos da DN/PSP. De acordo com o profissional, este crescimento preocupa a polícia. “Tem sido uma preocupação acrescida da Polícia de Segurança Pública toda a criminalidade à qual as armas brancas [são sobretudo facas] surgem associadas. E, em termos de volume de ocorrências, a polícia tem aumentado o seu foco dentro desta preocupação”, explica o intendente..“Tem sido uma preocupação acrescida da Polícia de Segurança Pública toda a criminalidade à qual as armas brancas surgem associadas.”Paulo Sérgio Costa, intendente da PSP.O aumento já é uma tendência verificada desde 2022, segundo os dados disponibilizados pela PSP. Naquele ano foram apreendidas 1323 armas brancas. Mas foi em 2024 que o número de armas de fogo apreendidas foi menor do que de armas brancas. Paulo Sérgio Costa explica que o facto de alguns serem objetos do dia a dia, com a diferença de poderem ser usados para prática de crimes, constitui um desafio para o trabalho na segurança pública. “O acesso já é mais fácil, porque uma arma branca poderá ser uma faca de cozinha, por exemplo, ou uma faca de cortar pão. Depois depende da forma como a mesma pode ser utilizada. Se é utilizada de forma irregular [ou seja, quando não é conforme ao uso natural daquele objeto], aí é que poderá entrar dentro da tipificação do ilícito. Mas é bem mais fácil uma pessoa conseguir aceder a uma arma branca [do que a uma de fogo], porque é um instrumento que naturalmente surge nas nossas vidas, e depois o desencaminhar e o desviar para uma utilização irregular e ilícita. Obviamente, isso só depende da própria pessoa”, detalha. Ainda não estão disponíveis os dados de 2024 quanto ao número de ocorrências registadas pela PSP relacionadas com armas brancas. Em 2023 foram 1340 casos, contra 1335 em 2022 e 1304 no ano anterior.Armas de fogoJá em relação às armas de fogo, o superintendente destaca que a maior parte das apreensões continuam a ser armas de caça, como espingardas e carabinas. Na operação de incineração realizada ontem, Dia Internacional da Fraternidade Humana, este tipo de arma também esteve em maioria entre os que foram destruídos. Sobre a entrega voluntária de armas, há uma tendência decrescente desde 2020. Em 2024 a PSP recebeu 7771 armas, enquanto em 2022 foram 9340 e 10 865 no ano anterior. O pico foi em 2020, com 23 251 entregas voluntárias. Para o intendente, uma explicação possível é a diminuição das aquisições. “Aquilo que consideramos é que em termos de disponibilidade de armas, principalmente associadas à caça, terá diminuído o nível das aquisições, o que faz com que o volume de entregas também, obviamente, tenha decrescido”, argumenta. Ainda assim, a PSP aposta em ações de proximidade para recolha das armas, com um total de 45 no ano passado, mais três do que em 2023.Este ano está prevista mais uma operação de incineração de armas. Entre 2013 e 2024, a PSP registou a destruição de mais de 310 mil armas, incluindo já as mais de 7 mil incineradas ontem. O recorde foi no ano de 2018, quando se registou a destruição de 37 351 armas.amanda.lima@dn.pt

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