Bárbara Flor de Lima é médica infecciologista
Bárbara Flor de Lima é médica infecciologista DR

Ao fim de três anos, programa prioritário da DGS para infeções sexualmente transmissíveis e VIH volta a ter diretora

Bárbara Flor de Lima, médica infecciologista e ex-diretora clínica do Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, será a nova diretora do Programa Nacional para a Prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH/Sida. A nomeação foi feita pela diretora-geral, Rita Sá Machado, e aceite pela tutela, devendo assumir funções em breve.
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O Programa Nacional para a Prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis e para a Infeção do VIH/Sida é um dos mais importantes da Direção-Geral da Saúde, mas estava sem coordenação há três anos, desde que a anterior diretora, a médica Margarida Tavares, tomou posse como secretária de Estado para a Promoção da Saúde, em setembro de 2022, na equipa do ministro Manuel Pizarro. Durante este tempo, o programa esteve sem coordenador nacional e manteve-se assim mesmo depois de Margarida Tavares ter deixado a pasta no Governo, em março de 2024, após as eleições. Só agora, é que a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, e como é da sua competência, de acordo com a legislação em vigor, nomeou a nova diretora para este programa nacional.

Bárbara Flor de Lima é assistente hospitalar de Infeciologia no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), onde desempenhou também funções como diretora clínica de julho de 2023 a março de 2025 - na equipa do presidente de Conselho de Administração Luís Gouveia, que foi destituída pela atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para nomear a que se mantém em funções atualmente. A nova diretora deverá iniciar funções como coordenadora deste programa nacional em breve.

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Infeções sexualmente transmissíveis estão a aumentar em Portugal

Neste hospital, e segundo refere a nota curricular da médica disponibilizada ao DN, Bárbara Flor de Lima foi ainda presidente da Comissão de Farmácia e Terapêutica da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, tendo desenvolvido outros trabalhos na área dos programas de prevenção e controlo de infeções e de resistências a antimicrobianos (PPCIRA). Entre 2021 e 2023, integrou, igualmente, a Comissão de Qualidade e Segurança do doente e Equipa de Prevenção e Controlo de Legionella, do mesmo hospital.

Nascida a 11 de outubro de 1985, Bárbara Silveira Dias Flor de Lima frequentou e completou o ensino secundário na Escola Antero de Quental, em Ponte Delgada, São Miguel, Açores, em 2001, para depois se dedicar à licenciatura em Medicina. Findo o curso, escolheu a área de infecciologia para mestrado na Faculdade de Medicina na Universidade do Porto Universidade, tendo só depois feito a especialidade nesta área, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2015, no serviço de Infecciologia no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.

A sua nomeação como diretora para este programa nacional é tanto mais importante quanto se sabe, e de acordo com os últimos relatórios de entidades da saúde, que o número de casos de infeções sexualmente transmissíveis tem vindo a aumentar em Portugal e na Europa - registe-se que no ano de 2022 foi identificada a maior subida em número de casos, desde 2009 – ou melhor, desde que há vigilância e notificação obrigatória destas doenças nos países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (UE/EEE).

Nesta altura, o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, sigla inglesa), pediu aos países que tomassem “medidas urgentes e imediatas” para prevenirem novas transmissões e atenuar o impacto destas doenças na saúde pública, já que se registava um aumento “muito significativo” nos casos de gonorreia, sífilis, clamídia e de linfogranuloma venéreo (LGV).

No mesmo relatório, Portugal era considerado um dos países em que as IST estavam a aumentar, dando-se como exemplo o registo da gonorreia, doença em que tinha sido dos países que tinha registado um “crescimento superior a 50%”, a par de Espanha, Bulgária, Chipre, Estónia, Finlândia, Irlanda, Itália, Letónia, Liechtenstein, Noruega e Polónia. Após a divulgação destes dados, a nova diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, manifestou preocupação e assumiu querer “implementar medidas que permitam travar os contágios”.

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