Ao 758.º dia a Rússia disse "guerra" e Macron calçou as luvas de boxe

Ao 758.º dia a Rússia disse "guerra" e Macron calçou as luvas de boxe

A semana que começou com a chegada ao poder do primeiro líder negro de uma nação europeia, no País de Gales, terminou com Moscovo a designar a "operação militar especial" na Ucrânia como guerra. Pelo meio o presidente francês desafiou um Putin recém reeleito e Portugal viu Marcelo indigitar Montenegro como PM.
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SÁBADO

Gales faz história com o primeiro líder negro de uma nação europeia

“Um galês nascido na Zâmbia”. É assim que Vaughan Gething se descreve. O filho de um veterinário do sul do País de Gales e de uma empregada de um aviário zambiana foi eleito líder do Partido Trabalhista galês, assumindo também a chefia do Governo. Um dia após fazer 50 anos, o até agora ministro da Economia fez história ao tornar-se no primeiro líder negro de uma nação europeia. Mas está longe de ser a primeira vez que Gething é pioneiro. Com a sua família a ser alvo de racismo após regressar, em criança, ao País de Gales, aos 17 anos filiou-se no Partido Trabalhista, inspirado pelos artigos que lera sobre Nelson Mandela. Formado em Direito, trabalhou como advogado e depois presidiu à união dos sindicatos de Gales. Deputado primeiro, foi como ministro da Saúde na pandemia que se destacou. Agora como primeiro-ministro, tem nas legislativas deste ano o primeiro desafio. Umas eleições que revelam bem a diversidade britânica uma vez que dos quatro primeiros-ministros do Reino Unido, três pertencem a minorias étnicas: além de Gething em Gales, na Escócia a família do chefe do Governo, Humza Yousaf, é paquistanesa e muçulmana, e o próprio líder do Reino Unido, Rishi Sunak, tem origem indiana e é hindu.

DOMINGO

Celebrar o Dia de São Patrício com um desfile em Lisboa

Consta a lenda que, nas três décadas em que serviu como bispo na Irlanda, naquela segunda metade do século V, São Patrício usava o trevo de três folhas para explicar aos pagãos irlandeses a Santíssima Trindade. Hoje, mais de 1500 anos depois, o dia da morte do santo, 17 de março, é celebrado como o Dia Nacional da Irlanda. E o verde dos trevos é a cor que muitos na Irlanda, e um pouco por todo o mundo, vestem para celebrar esta data que há muito deixou de ser um feriado religioso, mas que continua a saudar o padroeiro dos irlandeses. Este ano, pela primeira vez, Lisboa juntou-se à festa, com a sua primeira parada do Dia de São Patrício. Pela Avenida da Liberdade desfilaram duas centenas de músicos e muitas gaitas de fole, encarregues de levar o espírito irlandês até à Praça do Comércio. O evento foi organizado pela Guinness, a famosa marca de cerveja irlandesa, cujo museu é visita obrigatória para quem aproveitar as férias da Páscoa para ir passar uns dias a Dublin.

SEGUNDA

AFP

Uma vitória que garante Putin até 2030(6?)

Entre primeiro-ministro e presidente, há 25 anos que os destinos da Rússia estão associados à liderança de Vladimir Putin. E assim promete continuar até 2030, depois de o chefe do Kremlin ter conseguido a reeleição com uns históricos 87,28% dos votos (mais dez pontos do que há seis anos). Ou mesmo até 2030. Como? Graças às alterações que o próprio Putin introduziu na Constituição e que lhe permitem mais um mandato, o que lhe possibilita manter-se no poder até aos 83 anos. Sem verdadeiro adversário - os candidatos da oposição foram desqualificados antes da votação, sem falar nos que nos últimos anos morreram em circunstâncias pouco claras, como recentemente Alexei Navalny - Putin celebrou a vitória na Praça Vermelha, em Moscovo, num evento que assinalou também os dez anos da anexação da Crimeia. A guerra na Ucrânia deverá continuar a ser a grande prioridade neste mandato para o homem que na sua presidência teve de lidar com as tragédias do Kursk e de Beslan e soube impor a imagem de homem forte capaz de devolver a grandeza à Rússia. Resta saber a que custo.

TERÇA

Álvaro Isidoro / Global Imagens

Uma medalha e um bolo. Parabéns Herman José!

Da rábula do Sr. Feliz e Sr. Contente, com Nicolau Breyner, a “bonecos” como Serafim Saudade, Lauro Dérmio, Maximiana, Diácono Remédios ou o casal Nelo e Idália, com Maria Rueff, durante décadas Herman José arrancou gargalhadas aos portugueses. Um humor capaz de conquistar mesmo quem, como eu, cresceu a 2000 quilómetros de Portugal e só tinha acesso a ele através da RTP Internacional. E uma carreira que agora valeu ao rosto de programas de culto como O Tal Canal, Hermanias, Humor de Perdição ou Herman Enciclopédia a Medalha de Mérito Cultural. No dia em que celebrou 70 anos, o humorista recebeu a distinção do ainda primeiro-ministro António Costa, numa cerimónia restrita nos jardins da residência oficial, em São Bento. Herman sendo Herman, não resistiu a brincar com o facto de estar a receber uma medalha dada por um Governo “híper demissionário”, mas num tom mais sério lembrou que “a liberdade não é oferecida” e que a situação nacional resulta apenas de “acontecimentos naturais de uma democracia funcional”. Já Costa destacou como os programas de Herman permitiram que a democracia saísse “da televisão a preto e branco” e ganhasse cor. Parabéns a dobrar!

QUARTA

Leonardo Negrão/Global Imagens

A longa espera de Montenegro para ser indigitado PM

Já passava da meia-noite quando Marcelo Rebelo de Sousa indigitou Luís Montenegro como primeiro-ministro de Portugal. Era a segunda vez que o presidente do PSD ia ao Palácio de Belém, onde estivera pelas 17.00 horas para uma audiência com o Presidente da República. O motivo da longa espera? O chefe de Estado esteve à espera dos resultados finais das legislativas com o apuramento dos quatro deputados eleitos pelos Círculos da Emigração. Com o Chega a ser o partido mais votado pelos portugueses no estrangeiro e a conquistar dois mandatos, a Aliança Democrática e o PS ficaram com um cada, o que, feitas as contas finais, confirmou a vantagem da AD e a escolha de Montenegro para primeiro-ministro. Montenegro até pode ter passado o dia seguinte em Bruxelas, mas agora é tempo de o líder social-democrata pensar no Governo, de minoria, que vai apresentar no dia 28 e que terá de lidar com desafios que vão da Educação à Saúde, passando pela habitação ou a agricultura. Não se augura qualquer lua de mel para o próximo Executivo.

QUINTA

Um Macron à la Poutine saca das luvas de boxe para Moscovo ver

Nem foi a primeira vez que um líder ocidental mostrou dotes com as luvas de boxe calçadas - muitos se lembrarão do combate entre o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e o senador Patrick Brazeau para a caridade - nem foi a primeira que o próprio Emmanuel Macron surgiu a praticar este desporto - tanto na campanha para as presidenciais de 2022 como numa promoção para próximos os Jogos Olímpicos de Paris, o presidente francês já mostrara os dotes de pugilista. Mas desta vez as imagens captadas pela fotógrafa oficial do Eliseu, Soazig de la Moissonnière parecem conter uma mensagem direta para Vladimir Putin. O presidente francês tem defendido o envio de tropas da NATO para ajudar a Ucrânia, gerando desconforto nos aliados e ameaças nucleares de Moscovo, onde Putin acaba de ser reeleito com quase 88%, garantindo um lugar no poder pelo menos até 2030, ou mesmo 2036. Ao homem que gosta de exibir uma atitude de machão aparencendo em fotos a caçar ursos ou em tronco nu a cavalo, Macron respondeu na mesma linguagem, com alguns a denunciar uns bíceps digitalmente avolumados. Se a mensagem chegou ao Kremlin, não sabemos, mas contra centenas de ogivas russas uma luvas de boxe francesas pouco podem.

SEXTA

SERGEY BOBOK / AFP

Ao 758.º dia de guerra a Rússia admite o “estado de guerra”

Passados mais de dois anos da invasão da Ucrânia - 758 dias, para ser mais exata -, a Rússia admitiu finalmente estar em “estado de guerra”. As palavras foram proferidas por Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin, enquanto as forças russas lançavam um ataque maciço contra território ucraniano, com recurso a mais de 90 mísseis e seis dezenas de drones kamikazes. Os alvos foram sobretudo centrais elétricas e barragens, bem como outras infraestruturas, numa tentativa de destruir a capacidade de aquecimento e produção de energia da Ucrânia, com Moscovo a garantir estar a retaliar depois de uma série de ataques ucranianos contra regiões fronteiriças nas últimas semanas. A grande dúvida agora é se a mudança de Operação Especial, como a Rússia insistia em designar o conflito na Ucrânia, para “estado de guerra” é apenas uma questão de semântica ou se um recém-reeleito Valdimir Putin vai levar a guerra para um novo nível, aproveitando alguma hesitação no apoio ocidental a Kiev.

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