Em junho, o país ficou a saber que a falta de médicos em algumas especialidades, nomeadamente em ginecologia/obstetrícia, pode levar ao encerramento de urgências ou à redução da atividade nos serviços. E os sindicatos médicos já alertaram que as falhas irão acontecer também em outras especialidades, como pediatria, neonatologia, medicina interna ou até cirurgia. O Ministério da Saúde tentou a negociação com os sindicatos, mas estes já rejeitaram a proposta que lhes foi apresentada. O argumento comum foi o de que não é uma proposta de resolução estrutural, apenas pontual, o que, consideram, irá agudizar ainda mais a situação. A tutela criou uma comissão de acompanhamento para a área de ginecologia/obstetrícia, na tentativa de outros ajudarem na resolução do problema, mas até agora pouco se viu, a não ser que haverá um plano de referenciação para as grávidas e, em relação aos profissionais, a defesa da definição de um valor hora para os prestadores de serviço, para que tais serviços não sejam um autêntico leilão, podendo ir os preços dos 21 euros até aos 95. A ministra Marta Temido já pediu desculpas pelas falhas no SNS, mas a oposição continua a pedir a sua demissão. O DN quis ouvir alguns dos que ainda não foram ouvidos, como a classe que forma os futuros médicos. Para o presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), Henrique Cyrne Carvalho, as mudanças só podem ser feitas se todo o processo que envolve a saúde for revisto e se todos os intérpretes forem ouvidos, incluindo a formação. Porque, antes de mais, é preciso saber se é ou não necessário formar mais médicos e como se concretizará este objetivo.