Sociedade
08 dezembro 2022 às 00h57

Mau tempo. Mulher de 55 anos morre em Algés quando a sua habitação é inundada

Chuva intensa tem provocado inundações por todo o país, com a zona da Grande Lisboa a ser a mais afetada.

David Pereira/Lusa

Uma mulher com cerca de 55 anos morreu na noite de quarta-feira em Algés, concelho de Oeiras, devido a uma inundação na sua habitação provocada pelas chuvas fortes que assolam a capital portuguesa, adiantou fonte da Proteção Civil.

André Fernandes, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), explicou que a habitação de um casal, numa cave, ficou inundada devido à forte precipitação.

O homem conseguiu salvar-se, mas a mulher, com cerca de 55 anos, morreu, acrescentou durante uma conferência de imprensa.

A chuva intensa que se está a fazer sentir na região Sul do país, acompanhada por trovoada, tem provocado várias inundações na zona da Grande Lisboa. De acordo com o portal da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelas 0:00 existiam 113 ocorrências relacionadas com "meteorologia adversa", a maioria no distrito de Lisboa (63). Setúbal (29), Faro (cinco), Santarém (cinco), Leiria (quatro), Aveiro (três), Porto (duas), Castelo Branco (uma) e Coimbra (uma) são os outros distritos afetados.

À mesma hora estavam no terreno um total de 241 operacionais, apoiados por 84 viaturas.

70% das ocorrências são relativas a inundações, afirmou fonte da Proteção Civil à Lusa. "Por enquanto, não temos danos de estruturas ou vítimas. São situações pontuais devido à acumulação da precipitação e estão a ser resolvidas", acrescentou.

Vários túneis e ruas em Lisboa encontram-se encerradas ao trânsito devido a inundações provocadas pelas chuvas fortes que assolam a capital portuguesa, adiantou à Lusa o comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, Tiago Lopes.

"Os túneis do Campo Grande, da zona do Campo Pequeno e da Avenida João XXI estão fechados. A Avenida 24 de julho também está interditada e Avenida de Berna também", disse Tiago Lopes.

De acordo com o comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, pelas 23:40, foram registadas "aproximadamente 100 ocorrências ativas".

"Não há feridos, nem vítimas mortais a lamentar até agora", salientou.

Tiago Lopes disse ainda que na Xabregas há uma situação de pessoas retidas em veículos.

"Temos também no hospital Francisco Xavier um princípio de inundação e estamos juntamente com os Bombeiros Voluntários da Ajuda a dar o apoio. E temos no Teatro Nacional D. Maria II uma situação de inundação", acrescentou.

A circulação no Eixo Norte-Sul antes e depois do Aqueduto das Águas Livres está a fazer-se apenas por uma faixa no sentido norte-sul, sendo que o acesso à zona das Amoreiras está cortado.

Nem o interior do El Corte Inglés, na freguesia lisboeta de São Sebastião da Pedreira, escapou à intensa precipitação.

E o aeroporto de Lisboa também sofreu com a intempérie.

Também na Costa da Caparica, no concelho de Almada, estão a verificar-se inundações que dificultam a circulação automóvel.

Nas redes sociais, vão-se multiplicando os relatos de inundações um pouco por toda a Grande Lisboa, sendo que um dos locais em que os efeitos da chuva são mais impressionantes é a estação de comboios da Amadora.

O comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, Tiago Lopes, pediu esta quarta-feira aos lisboetas para não saírem de casa devido à formação de lençóis de água na estrada por causa das fortes chuvadas que se fazem sentir na cidade.

"Há muitos lençóis de água, os carros ficam presos na água e nós não conseguimos socorrer toda a gente", disse à Lusa.

Tiago Lopes indicou que, pelas 22:30, havia "10 ocorrências ativas" na capital portuguesa. "Agora não há balanço nenhum. Estamos a socorrer algumas situações", indicou.

"Choveu bastante, estamos com algumas vias de comunicação inundadas, mas não consigo dar um ponto situação muito preciso. Por toda a cidade há um pouco de água nas vias", acrescentou.

O Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa também recomendou as pessoas a ficarem em casa.

"Devido à forte precipitação, vento forte e perigo de inundações, o Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa recomenda que os cidadãos permaneçam em casa e evitem deslocações", lê-se Twitter da Câmara Municipal de Lisboa.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), para esta quarta e quinta-feira está prevista chuva por vezes forte, mais intensa e frequente na região Sul, e também no Centro, na quinta-feira.

Nestas regiões, as condições meteorológicas são "favoráveis à convecção severa com trovoada e fenómenos extremos", estando previsto vento forte a partir da tarde de quinta-feira, com rajadas que podem ir até aos 80 quilómetros por hora.

O IPMA avisa ainda que os valores acumulados de precipitação total entre esta quarta e sexta-feira serão significativos e "poderão atingir localmente entre 60 e 120 mm", em especial na região Sul.

Espera-se igualmente uma intensificação do vento do quadrante sul, que soprará por vezes forte na faixa costeira, com rajadas até 70 km/h, e nas terras altas, em especial do Centro e Sul, com rajadas até 80 km/h.

O instituto diz ainda que a agitação marítima também irá aumentar, salientando o período entre o final da tarde de quinta-feira e o início da tarde de sexta-feira, quando se esperam na costa ocidental a sul do Cabo Raso e na costa Sul do Algarve ondas de sudoeste com altura entre 4 a 5 metros de altura.

Por causa desta situação, o IPMA emitiu aviso laranja (o segundo mais grave), a partir da tarde desta quarta-feira, para os distritos de Faro, Setúbal e Beja, por causa da chuva.

Igualmente por causa da chuva o IPMA colocou, também a partir da tarde desta quarta-feira, outros cinco distritos (Portalegre, Lisboa, Santarém, Évora, Leiria) sob aviso amarelo (o terceiro mais elevado), estendendo-o a partir das 00:00 de quinta-feira ao Norte e Centro do país, abrangendo os distritos de Braga, Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Guarda, Vila Real, Porto, Viseu e Bragança.

Além da chuva, a agitação marítima também fez com que o IPMA colocasse sob aviso amarelo os distritos de Faro, Setúbal, Lisboa e Beja a parte das 18:00 de quinta-feira.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) já tinha emitido na terça-feira um aviso à população - para quarta e quinta-feira -, devido à previsão de chuva, vento forte e agitação marítima no centro e sul.

Em comunicado, além de alertar para a previsão de chuva, por vezes forte, mais intensa e frequente na região sul, durante esta quarta e quinta-feira, a ANEPC avisou que existem condições favoráveis à conjugação "severa com trovoada e fenómenos extremos nas regiões centro e sul".

Face às previsões, a ANEPC admite a ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais devido à obstrução dos sistemas de escoamento, assim como cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras.

A Proteção Civil avisa ainda para a eventual instabilidade de vertentes, conduzindo a deslizamentos e derrocadas motivadas pela infiltração da água, "potenciados pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais, ou por artificialização do solo" e para o arrastamento para as vias rodoviárias de objetos soltos ou desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, por causa do vento forte, que podem causar acidentes.

Os avisos da ANEPC para chuva forte e agitação marítima vêm desde domingo, tendo sido registados no sul do país vários episódios de inundações na zona do Algarve, sobretudo em Albufeira e Faro.

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