Altar-palco de 4,2 milhões de euros para o Papa. "Queremos que fique para o futuro", diz Moedas

A construção foi adjudicada por ajuste direto por 4,24 milhões de euros (mais IVA), somando-se a esse valor 1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura.

DN/Lusa
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, disse esta terça-feira que sabia que a construção do altar-palco para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ia ficar muito cara, indicando que será realizada com as especificações da Igreja.

Esta observação do autarca surge depois de ter vindo a público que obra de construção do altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a missa vai custar 4,2 milhões de euros à Câmara de Lisboa, por ajuste direto.

Segundo a informação disponibilizada no Portal Base da contratação pública, "a construção foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)", somando-se a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura".

"Queremos que esse palco, essa infraestrutura, fique para o futuro e que muitas dessas infraestruturas fiquem para o futuro. Eu sabia que isto ia ser muito caro, que era um investimento muito grande para a cidade", indicou Moedas.

O autarca falava aos jornalistas após uma visita ao Pavilhão Municipal Manuel Castel Branco, em Lisboa, que vai funcionar como estrutura adaptada a partir desta terça-feira para o início do plano de contingência para as pessoas em Situação Sem-Abrigo perante o tempo frio que se regista.

"As especificações daquele palco foram definidas em reuniões que tivemos com a Jornada Mundial da Juventude, com a Igreja e com a Santa Sé [Vaticano]. Nós estamos na Câmara a executar essas especificações para um palco de 1,5 milhões de pessoas", salientou.

Segundo Moedas, a autarquia tinha de "que arrancar rapidamente a obra", por causa do evento que vai decorrer em agosto.

"Não podemos como cidade, como país, não acolher o papa, respeitando aquilo que é a regra de um evento que nunca se fez em Portugal. Qualquer comparação de preço, qualquer comparação de custos não se consegue comparar, porque nós nunca tivemos algo desta dimensão", afirmou.

"Aquilo que eu pedi aos engenheiros e arquitetos é que, desde início, essa infraestrutura pudesse ficar para o futuro. Nós podíamos ter adjudicado diretamente a um construtor, mas eu não quis isso. Nós consultámos variadíssimos promotores esse tipo de obra. Consultámos preços que eram o dobro desse preço e fomos reduzindo o preço até encontrar aquele que fazia mais barato... isto foi feito com total transparência", acrescentou.

Na passada quinta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até ao montante de 15,3 milhões de euros, para financiar investimentos no âmbito da JMJ.

Em reunião privada do executivo camarário, a proposta de contratação de um empréstimo para financiamento de obras relacionadas com a preparação da JMJ foi viabilizada entre os 17 eleitos, com um voto contra do BE, nove abstenções -- quatro do PS, duas do PCP, duas do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e uma do Livre -- e sete votos a favor da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).

A Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.

Lisboa foi a cidade escolhida em 2019 para acolher o encontro de 2022, que transitou para 2023 devido à pandemia de covid-19.

Marcelo confirma que altar-palco receberá outros eventos

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta terça-feira que o altar-palco que será construído para a Jornada Mundial da Juventude servirá para "outro tipo de eventos" no futuro.

O chefe de Estado falava aos jornalistas antes de visitar o Pavilhão Municipal Manuel Castel Branco, em Lisboa, que vai funcionar como estrutura adaptada a partir desta terça-feira para o início do plano de contingência para as pessoas em Situação Sem-Abrigo perante o tempo frio que se regista.

"[O presidente da Câmara de Lisboa] explicou-me, embora admitindo que há um cálculo mais global que é preciso fazer. Estava-se a falar de um altar específico e não de um investimento global", adiantou.

Após ter falado com Carlos Moedas, o chefe de Estado referiu que "Lisboa tenciona (...) utilizar a estrutura para outras ideias que podem ser mais interessantes".

"(...) Como, por exemplo, um polo de lazer verde, mas outro tipo de estrutura mais estável para outro tipo de eventos. Isso explica não apenas a feição ou o objetivo imediato, mas o duradouro investimento que ali é feito", acrescentou.