Um grupo de ativistas protestou no domingo à noite em frente ao hotel da AD
Um grupo de ativistas protestou no domingo à noite em frente ao hotel da ADReinaldo Rodrigues

Alunos fecham Liceu Camões e prometem continuar a lutar pelo “fim do fóssil”

“Estamos assustados com os resultados das eleições", disse uma das estudantes que participou na Assembleia Estudantil, após a qual os cadeados colocados nos portões da escola foram retirados.
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Alunos do Liceu Camões, em Lisboa, encerraram esta segunda-feira de manhã a escola durante algumas horas e realizaram uma assembleia estudantil, prometendo continuar a lutar pelo “fim do fóssil” e a “fazer barulho pelos direitos dos jovens”.

Ainda as aulas não tinham começado e os portões principais do Liceu Camões já estavam fechados a cadeado numa reação aos resultados eleitorais de domingo, que reelegeram a coligação PSD/CDS e deram mais votos ao Chega, que passa agora a ter 58 deputados na Assembleia da República.

“Os estudantes querem um compromisso do Governo com o fim ao fóssil até 2030”, disse à Lusa Lucas Cavaquinha, aluno do 10.º ano do Liceu, enquanto retirava algumas das tarjas colocadas no gradeamento do Liceu, já no final do protesto, por volta das 10:00, a hora anunciada para o início da Assembleia Estudantil.

Poucos minutos antes, na praça em frente ao liceu, dezenas de alunos participaram na assembleia e decidiram continuar “a fazer barulho pelos direitos dos jovens” e a trabalhar para que os protestos possam ganhar uma dimensão nacional, explicou Lucas Cavaquinha.

A antecipação da realização da Assembleia Estudantil fez com que o reforço policial tenha chegado quando já não decorria qualquer protesto: Quando a carrinha de intervenção da PSP estacionou em frente ao Liceu, já os portões estavam novamente abertos e os alunos a regressar às aulas.

Mas os jovens garantem que os protestos vão continuar e podem passar por fechar mais escolas, ocupar espontaneamente estabelecimentos de ensino e “fazer barulho”, sugeriram alguns alunos.

Os estudantes disseram à Lusa que irão estar atentos às medidas que venham a ser decididas pelo futuro executivo, admitindo estar receosos quanto ao seu futuro.

“Estamos assustados com os resultados das eleições. Se o primeiro-ministro Luís Montenegro rejeitou a carta que entregámos em outubro do ano passado pelo fim ao fóssil até 2030, com o Chega nem sequer teremos oportunidade de nos manifestar com tanta liberdade”, disse Clara Cabrita, outra das alunas presentes na iniciativa.

 “Nós temos direito a ter um futuro e é por isso que estamos aqui. Não podemos aceitar mais um governo que nos condena ao colapso climático. A nossa geração não o vai aceitar”, acrescentou Lucas Cavaquinha.

Corroborando as declarações do colega, Viviana Fuhrmann acrescentou que “os políticos deveriam trabalhar com os estudantes”.

Para já, os alunos têm agendadas mais duas ações: Uma festa no próximo sábado à tarde na Casa do Comum e uma nova “reunião introdutória” da Greve Climática Estudantil na próxima segunda-feira.

As duas iniciativas estão expostas em cartazes feitos à mão e colados no coreto da Praça José Fontana e ambos os cartazes foram fotografados por elementos da PSP, perante o olhar de alguns estudantes que estavam no local.

Na noite de domingo, um pequeno grupo de ativistas climáticos protestou em frente ao hotel onde a AD acompanhava a noite eleitoral, tendo sido retirados pela polícia.

O grupo, com pelo menos cinco manifestantes, exibia cartazes a exigir o fim do fóssil até 2030, e gritou palavras como: "não vamos dar paz a este Governo que nos quer matar".

O Climáximo reagiu esta segunda-feira aos resultados eleitorais com um apelo à "resistência climática imediata". Para o coletivo, os resultados da noite eleitoral "são um sinal claro para todas as pessoas que sabem que é necessário travar o colapso climático e social de que este sistema foi construído para falhar e que é necessário entrar em resistência climática já".

Segundo o grupo, "estes resultados confirmam o que já sabíamos: confiar as nossas vidas a este Parlamento é suicídio". No dia 1 de junho, o Climáximo está a organizar uma "assentada popular" no aeroporto de Lisboa.

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