Os alunos do ensino público com idades entre os 13 e os 18 anos estão a consumir menos bebidas alcoólicas e tabaco. Em sentido contrário está o jogo a dinheiro que subiu, principalmente nos Açores.Mas nesta radiografia aos consumos dos estudantes há uma região que destoa pela negativa: o Alentejo, onde se regista “o maior consumo de álcool e de tabaco do país, como configura entre as regiões onde o consumo de substâncias psicoativas menos desceu (e, no caso do consumo não-prescrito de tranquilizantes /sedativos, onde mais subiu)”, como se pode ler no Relatório Regional do ECATD-CAD 2024 da autoria do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), divulgado ontem.Segundo o documento, é nesta região que “o acesso a álcool e tabaco dito tradicional é considerado mais fácil e o consumo de tabaco eletrónico e de tranquilizantes / sedativos e a prática de embriaguez severa se iniciam mais precocemente”.Também no consumo de canábis, os alunos das escolas do Alentejo estão perto de “alcançar o Algarve, a região que, até aqui, se destacava pelo maior consumo desta substância”.Outra das conclusões é que o álcool é a principal substância psicoativa consumida pelos estudantes em todo o país.Este estudo atualiza os dados do anterior, que foi conhecido em 2019, e inclui dados recolhidos em 329 escolas, envolvendo 758 turmas e 11.083 alunos.De acordo com os autores do relatório registou-se em 2024 uma redução de comportamentos aditivos, o que “é um sinal encorajador, mas o aumento do jogo online e a iniciação precoce ao álcool e tabaco exigem respostas rápidas e eficazes”.Numa análise geral frisam que “Alentejo, Algarve e Açores são as regiões que se destacam por uma maior prevalência de comportamentos aditivos entre os jovens, em geral, e os alunos do ensino público, em particular, enquanto Norte e Madeira se destacam em sentido contrário.” Já num exame mais detalhado destacam que o consumo de bebidas alcoólicas desceu 11% a nível nacional, mas 40% dos alunos do Alentejo terão bebido no último mês.Esta região está em destaque também no que diz respeito ao consumo de tabaco: 36% dos jovens alentejanos fumam tabaco tradicional ou eletrónico. Já numa análise geral do país esse consumo reduziu 12% em relação aos dados anteriores.Consumo que está a diminuir nas faixas etárias dos 13 aos 18 anos é o de drogas ilícitas que terá caído para menos de metade.Começar a beber mais cedo e jogar a dinheiroSegundo os responsáveis pelo estudo os jovens estão a ter um início precoce na ingestão de bebidas alcoólicas: 37% dos alunos do Algarve e Alentejo começaram a beber aos 13 anos ou menos.Também a aumentar está o jogo a dinheiro, com os Açores a destacar-se, pois entre 2019 e 2024 este praticamente triplicou (passou de 5,8% dos inquiridos para 17%) enquanto no resto do país subiu de 12,9% para 18,2%. Hoje, Centro e Algarve destacam-se por maiores níveis de gaming e gambling, respetivamente.Já Lisboa é a região cujas prevalência estão acima da média do país, sobretudo no que diz respeito ao consumo de tabaco eletrónico e shisha (cachimbo de água usado para fumar tabaco aromatizado), à experimentação e ao consumo recente de canábis e também ao jogo a dinheiro. .Jovens portugueses começam a beber mais cedo e com mais situações de embriaguez severa.Álcool, tabaco e sedativos mais usados por raparigas e drogas ilícitas por rapazes