Uma lição da pandemia? Não gosto de correr. Tentei ir correr para ser daquelas que tinham uma justificação para sair de casa e não gosto de correr. É oficial..Uma meta? Internacionalizar a minha carreira. Vivemos dois momentos muito bons. O primeiro é que as séries e os filmes lá fora deixaram de ter as nacionalidades como identidade de personagem. Vivemos num mundo globalizado e cada vez mais as histórias que vemos refletem isso. O ponto número dois é ao contrário, é cá. Temos um país que é um paraíso para se filmar, somos muito baratos de filmar aqui... Estamos a ter cada vez mais produções a virem cá e isso também é uma oportunidade muito grande para os nossos atores. Fernando Pessoa. Ui, a vida toda, como dizia a Carolina Deslandes. Fernando Pessoa é a vida toda. É muito importante para mim, tenho-o tatuado nas minhas costas e às vezes acho que devia ter tatuado à frente porque não o vejo..Comunidade LGBT? Ainda há muito para fazer. Infelizmente, as causas do ativismo LGBT ainda estão muito ligadas a cores políticas, que é uma coisa que gostava que não estivessem, porque os Direitos Humanos não têm cores políticas. É preciso avançar muito ainda. Há muita coisa para fazer e parece que não está na agenda do dia como devia estar. Redes sociais. Ai, redes sociais é uma chatice. Trazem muita coisa boa, trazem muita coisa má. Acho que não estão a ser analisadas como deviam ser, temos uma falsa sensação de que as pessoas estão mais extremistas para um lado ou para o outro, mas a verdade é que as pessoas são exatamente como sempre foram e por causa das redes sociais começam a ter voz. Portanto, as redes sociais têm a coisa boa de, nesse aspeto mais político e de direitos humanos, ter vindo mostrar o estado atual e como é que as pessoas estão a pensar. Mas, por outro lado, também estão a dar voz a outras coisas e nem tudo numa democracia tem voz. E estão a dar voz a essas pequenas situações..Música. Não ouço música a trabalhar, nem a fazer outras atividades. Quando estou a ouvir música, estou a ouvir música, não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo..O pior preconceito é... O pior preconceito são todos. A partir do momento em que partimos para uma pessoa ou uma ideia sem estarmos disponíveis para ouvir ou para conhecer, está errado. O pior preconceito é a palavra mesmo. Livro preferido? Se me tivesse perguntado há dois anos atrás, se calhar dizia O Livro do Desassossego. Acho que atualmente já não é um livro preferido. É difícil escolher um, mas nos últimos tempos ando de volta dos existencialistas. Acho que sou a pessoa com fé que lê mais existencialistas. Uma paixão. Dança contemporânea..Escrita de argumentos? Não é só o meu futuro, é o meu presente. Dizem que devemos passar o resto da nossa vida devendo escolher as coisas que gostamos de fazer ou que queremos fazer com a premissa de que não conseguimos perceber que o tempo está a passar. E a escrita sempre foi isso para mim. Começo a escrever e não me apercebo de que passaram quatro horas e não comi, não bebi, não fui à casa de banho, que devia ter feito mais 300 coisas e não fiz. E a escrita sempre foi esse espaço para mim. De há três anos para cá comecei a escrever argumentos. Já escrevi um filme, escrevi uma série e escrevi uma curta. E acho que esse vai ser o sítio que me vai acompanhar para o resto da vida. Sei que sou atriz, essa é a minha identidade, é a minha impressão digital, mas os papéis que não fui podendo fazer ou os papéis que não fui podendo ver enquanto espectadora e gostava de ter visto mais nova, ou como mulher, ou como pessoa LGBT, são os papéis que comecei a escrever e que gostava que um dia fossem tão comuns como são todos os outros..Ouça aqui o podcast: