Incêndios. Setor da madeira diz que Portugal vive “situação crónica” e indústria é “castigada”
Rui Oliveira / Global Imagens

Incêndios. Setor da madeira diz que Portugal vive “situação crónica” e indústria é “castigada”

Segundo a Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, as ignições naturais representam entre 0,5% e 1% dos fogos e existem zonas em Portugal “que já arderam sete vezes”.
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Os incêndios em Portugal tornaram-se numa “situação crónica”, que já atravessou vários governos, e a indústria continua a ser “castigada” de forma desproporcional, afirmou a associação das indústrias de madeira.

“O flagelo dos incêndios em Portugal tem décadas, atravessa governos, ministros e secretários de Estado das Florestas e, portanto, começa a ser uma situação crónica e parece-me que não se tem conseguido encontrar uma solução que, de uma vez por todas, resolva este flagelo económico, social e ambiental”, afirmou o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Vítor Poças, em declarações à Lusa.

A associação referiu que, cada vez mais, são registadas ignições noturnas e que as condições de propagação pioraram, uma vez que a floresta está hoje “um bocadinho deitada ao abandono”, o que gera parcelas mais pequenas, menos rentáveis e, consequentemente, as pessoas têm menos interesse.

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Segundo a AIMMP, as ignições naturais representam entre 0,5% e 1% dos fogos e existem zonas em Portugal “que já arderam sete vezes”.

Vítor Poças lamenta que a indústria tenha vindo a ser castigada, de forma “injusta, desproporcional e inadequada”, quando é justamente quem poderia “proteger, cuidar e dar segurança” à floresta.

O estado de alerta, decretado, mais que uma vez, pelo Governo face aos incêndios, proíbe, por exemplo, a realização de trabalhos nos espaços florestais, com recurso a máquinas, motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.

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“A justificação que é dada é que as máquinas podem constituir um perigo de ignição. Ora, o que ninguém pensou e que, além desse perigo ser residual, quando acontece, essas pessoas combatem, rapidamente essa ignição. Portanto, ela nem chega a ser um incêndio”, apontou.

A associação das indústrias de madeira insistiu que o grande problema está ligado às ignições dolosas, colocadas a horas em que os aviões já não levantam, em sítios inacessíveis, muitas vezes, com focos alinhados de 100 em 100 metros.

Assim, defende o reforço da vigilância e da segurança na floresta, a criação e melhoria de acessos e a agregação de parcelas pelas empresas, cooperativas ou associações para criar unidades rentáveis, que permitam reter o talento.

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Por outro lado, Vítor Poças reclama mais equipamentos que permitam aumentar a produtividade de quem trabalha na floresta e o reforço do investimento na Polícia Judiciária.

A isto soma-se um ajustamento da moldura penal, de modo a que os juízes possam ter maior facilidade na aplicação de penas.

Criada em 1957, a AIMMP representa todas as indústrias de base floresta, exceto a celulose, papel e cortiça.

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Portugal continental foi este verão afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Os fogos provocaram quatro mortos, entre eles um bombeiro, e vários feridos e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Segundo dados oficiais provisórios, até 29 de agosto arderam cerca de 252 mil hectares no país.

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