ADN de astronauta mudou após missão no espaço

Embora 93% da expressão genética de Kelly Scott tenha voltado ao normal quando regressou da Estação Espacial Internacional, um subconjunto de várias centenas de "genes espaciais" permaneceu
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Os resultados preliminares de um estudo realizado pela NASA com dois astronautas gémeos revelaram que 7% dos genes de Scott Kelly não voltaram ao normal após o seu regresso à Terra, há dois anos. O estudo analisou Kelly antes, durante e depois de passar um ano a bordo da Estação Espacial Internacional, através de uma comparação exaustiva com o seu gémeo idêntico, Mark, que não esteve na missão espacial.

A transformação de 7% do ADN de Scott sugere mudanças a longo prazo nos seus genes. Os resultados mais recentes deste estudo exclusivo, publicado recentemente pela agência, foram retirados do Workshop de Investigação de 2018 para o Programa de Pesquisa Humana da NASA, em janeiro deste ano.

No ano passado, a agência já tinha avançado alguns resultados - os deste ano vão ao encontro desses dados, com algumas considerações adicionais.

De acordo com a CNN, para acompanhar as mudanças físicas causadas pelo tempo que passou no espaço - 12 meses - os cientistas mediram os metabolitos de Scott (necessários para manter a vida), citoquinas (segregadas por células do sistema imunológico) e proteínas antes, durante e após a missão do astronauta.

Os investigadores descobriram que as missões espaciais estão associadas ao stress provocado pela privação de oxigénio, aumento da inflamação e deslocamentos de nutrientes que afetam a expressão genética. Ao analisar os genes de cada gémeo, descobriram ainda que cada um deles possui mutações únicas do que aquilo que era esperado no seu genoma - na verdade, centenas.


Embora 93% da expressão genética de Scott tenha voltado ao normal quando regressou da missão no espaço, um subconjunto de várias centenas de "genes espaciais" permaneceu. Algumas dessas mutações, encontradas apenas após a missão, podem ter sido causadas pelo stress das viagens espaciais.
Uma das mudanças mais importantes nas células de Scott foi a hipoxia (uma quantidade de oxigenação tecidual deficiente), provavelmente devido à falta de oxigénio e aos altos níveis de dióxido de carbono. Registaram-se também mudanças nos cromossomas, no colagénio, na coagulação do sangue e na formação óssea de Scott.

O estudo com gémeos ajuda a NASA a obter informações sobre o que acontece com o corpo humano no espaço em missões superiores aos habtuais seis meses. Dez grupos de investigadores examinam as informações sobre a saúde dos gémeos Kelly, incluindo como as bactérias intestinais, os ossos e o sistema imunológico podem ser afetados pela vida fora da Terra.

A missão de um ano de Kelly é mais um passo científico para o plano de uma missão de três anos em Marte, disse a NASA. A pesquisa sobre como o corpo humano se ajusta à gravidade, ao isolamento, à radiação e ao stress das viagens espaciais de longa duração é necessária antes que os astronautas sejam enviados em missões que irão durar o triplo do tempo que costumam passar em órbita.

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