A concurso estavam 2331 vagas para 2375 candidatos, e que, mesmo assim, deixaram 469 vagas por preencher de várias especialidades, sendo que o maior número foi em Medicina Geral e Familiar e em Medicina Interna, áreas basilares nos cuidados primários e hospitalares. Mas este resultado é o pior dos últimos anos, como confirma a própria Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) ao comparar estes dados oficiais com o concurso de 2024, no qual ficaram por preencher 307 vagas. Sendo que no concurso de 2023, ficaram 248 vagas vazias e no de 2022 ficaram 142 vagas. Ao todo, e ainda segundo a ACSS, foram colocados 1854 candidatos, só mais três do que no concurso lançado em 2024, que teve início em janeiro de 2025 (1851). A verdade é que, apesar de serem só mais três médicos colocados, a ACSS considera que é um “aumento real da capacidade formativa e do número de médicos em especialidade”. Na nota enviada às redações, com os resultados oficiais do concurso lançado a 18 de novembro deste ano para as especialidades com início a 1 de janeiro de 2026, a ACSS sublinha que há “vários sinais positivos sólidos no concurso”, destacando, não só a colocação de mais três médicos, como o facto de ter havido “33 especialidades que atingiram 100% de ocupação” e ainda 21 especialidades que aumentaram o número de colocados..Melhores classificados no internato esgotam vagas de Dermatologia e Oftalmologia. “Fator económico é decisivo”, diz conselho da Ordem. No entanto, estes números, tanto para a Ordem dos Médicos como para a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), não são assim tão positivos, pelo contrários “os 20% de vagas que ficaram por ocupar, demonstram a crise estrutural que se verifica em especialidades essenciais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, refere a ordem em comunicado. Para a Fnam - que na semana passada já tinha alertado para o facto de este internato "poder ser o pior dos últimos anos", como referiu ao DN Joana Bordalo e Sá - os resultados “confirmam que o SNS continua a perder capacidade de atrair e fixar médicos mesmo numa fase tão precoce como a escolha da especialidade, apesar do número elevado de vagas abertas”. Ao DN, a presidente desta estrutura voltou a reiterar, neste domingo, que os resultados do concurso “só demonstram que abrir vagas no papel não fixa médicos no terreno, porque o que conta são as vagas que ficam por preencher. E, este ano, tivemos quase 500 médicos que desistiram à partida do SNS”, lembrando que metade das vagas sobrantes são de Medicina Geral e Familiar e que nesta altura ainda há mais de 1,6 milhões de utentes sem médico de família. Outro problema a agravar a situação é que cerca de 40% das vagas que sobraram eram da região de Lisboa e Vale do Tejo.Ou seja, de acordo com os resultados da ACSS, o concurso lançado em 2025 deixa Medicina Geral e Familiar com 229 vagas vazias, preenchendo 461, e Medicina Interna com 98 vagas, tendo conseguido preencher 106 vagas - mesmo assim mais vagas em aberto do que no ano passado. Outras especialidades afetadas com vagas por preencher foram Patologia Clínica, com 42, tendo preenchido só 14, e Saúde Pública que ficou com 23 por ocupar, tendo preenchido 37.Para a ACSS, uma situação a destacar é a adesão à nova especialidade de Medicina de Urgência, que das 31 lançadas acabaram por ser preenchidas 27, ficando apenas quatro em aberto. Mas não só. Na nota enviada, este organismo do Ministério da Saúde, que gere o processo concursal para o internato médico da especialidade, destaca ainda o facto de 21 especialidades como Anestesiologia, Cardiologia, Neurologia, Pediatria, Medicina Geral e Familiar, Pneumologia, Radiologia e Saúde Pública terem conseguido integrar mais médicos. Por exemplo, Pediatria vai formar mais 11 médicos do que no ano anterior, Ginecologia/Obstetrícia mais oito, Astesiologia, Cardiologia e Neurologia mais seis cada uma, Pneumologia mais 4quatro e MGF e Saúde Pública, apesar das vagas sobrantes, vão formar mais quatro e três médicos, respetivamente.Na mesma informação, na qual assume haver redução na taxa de ocupação de vagas de 86%, no concurso lançado em 2024, para 80%, no que foi lançado agora, a ACSS mantém a narrativa de que que os “resultados de 2025 evidenciam um reforço real de profissionais, uma sólida estabilidade na maioria das especialidades e progressos concretos em várias áreas prioritárias, contribuindo para a consolidação da formação médica especializada em Portugal”..Internato Médico. Na reta final de candidaturas, há 765 vagas por preencher e 283 desistências. “Pode ser o pior ano”, diz Fnam