Neste Dia Mundial da Fotografia - celebrado a 19 de agosto porque foi nesse dia, em 1839, que o governo francês anunciou, oficialmente, a invenção do daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Louis-Jacques-Mandé Daguerre - apresentamos aos leitores o Leonardo Negrão, um dos nomes que diariamente confirmam o inestimável valor da fotografia nas páginas (impressas ou digitais) do Diário de Notícias.A imagem é muito mais do que o complemento de uma notícia num jornal. Torna-se, tantas vezes, a própria notícia. Afinal, como sabemos, há quem defenda mesmo que vale mais do que mil palavras. Na imprensa, a primeira fotografia terá aparecido nas páginas da revista francesa L'Illustration, em 1848, utilizando a técnica da heliogravura, para mostrar as barricadas em Paris durante as revoltas da Segunda República.No Diário de Notícias, fundado em 1864, a primeira fotografia surgiria a 27 de junho de 1907: um retrato, a meio corpo, do oficial José Joaquim Caldeira Pires, que havia sido investido no comando de Infantaria 26. Depois disso, sucederam-se fotografias e fotojornalistas que fizeram história no jornalismo português, de Anselmo Franco a Alberto Carlos Lima, Firmino Marques da Costa, Eduardo Gageiro, Silva Nogueira, Carlos Gil ou Eduardo Tomé, entre tantos outros.O Leonardo Negrão é um dos quatro fotojornalistas que atualmente integram os quadros do Diário de Notícias, juntamente com Gerardo Santos, Paulo Spranger e Reinaldo Rodrigues. São dele, por exemplo, as imagens da recente reportagem do Diário de Notícias sobre os incêndios na região Centro do país. Como tantas outras grandes imagens de grandes reportagens em Portugal ou no estrangeiro, ao longo dos mais de 30 anos que leva de carreira.Nascido em Lourenço Marques, em 1966, o Leonardo e as suas fotos fazem parte da história do nosso jornal desde 1992, quando entrou como estagiário no histórico edifício da Avenida da Liberdade que sediava o DN. Ao longo da carreira, fotografou em Portugal e em várias geografias internacionais — de Macau a Timor, da Guiné-Bissau ao Afeganistão, do Brasil ao Peru – sempre com o olhar atento e perspicaz que distingue os melhores fotojornalistas. O que te fez apaixonar pela fotografia e decidir que ias fazer dela a tua profissão? Como muitos jovens, eu sonhava ser um futebolista profissional, mas como as circunstâncias da vida não me levaram para esse caminho pensei que se fosse fotojornalista pelo menos poderia registar belíssimas fotografias de futebol, e não só. Na altura havia uma revista que eu lia muito, que era a ONZE, e aquilo seduziu-me a entrar na fotografia, tinha para aí uns 15 anos. Qual a primeira máquina que compraste e que memórias tens dela?Comprei a minha primeira máquina nessa altura, com 15 anos, depois de ter trabalhado um mês e meio nas férias de verão. Nesse tempo tínhamos quase três meses de férias da escola e os meus pais não achavam nada produtivo estar os três meses de barriga para o ar. Essa máquina era uma Agfa Optima com filme 35 mm e que uns dois anos depois vendi à minha irmã para poder comprar uma melhor, que foi uma Canon AE1 Program. Qual a fotografia /fotógrafo que mais te inspiraram?Há vários fotógrafos que me inspiram - e há tantos e tão bons e cá em Portugal também, apesar de não lhes darem muito valor -, mas o Sebastião Salgado, Steve McCurry, James Nachtwey, entre outros… conseguiram fotografias espetaculares que qualquer um de nós adoraria fazer. Qual a fotografia que mais prazer te deu tirar?Fiz bastantes fotografias que adorei fazer, desde o antigo primeiro-ministro António Guterres a dar uma bofetada (sem querer) a um ministro, ou as reportagens na Guiné Bissau ou em Timor. Há muitas fotografias que, pelo contexto em que aconteceram, adorei fazer. Qual a fotografia que ainda queres tirar?Quero tirar todas as fotografias que conseguir. Eu gosto de fotografar. Claro que há trabalhos em que não se tem que pôr a nossa criatividade em primeiro plano, mas registar o momento ideal, ou o melhor em cada contexto, é um desafio sempre cativante..Portefólfio: dez fotografias de Leonardo Negrão em 2025