Pedro Santana Lopes, o “independente” de coração “laranja” e “verde”, e que não esteve ao lado de André Ventura, por causa das Eleições Presidenciais de 2026, estabeleceu, sem que qualquer pergunta lhe fosse feita, a diferença presidencial que o separa do socialista Augusto Santos Silva, em eventos partidários. .A participação do ex-presidente da Assembleia da República na rentrée do Bloco de Esquerda, assinalou, “não despertou interesse praticamente nenhum”. Já a sua, nas Jornadas Parlamentares do Chega, que ontem terminaram, está a suscitar “imensa atenção” e “imenso interesse”..Santana Lopes já admitiu o interesse em ser candidato a Presidente da República dada a sua “experiência” e os “atributos” de conhecer os “setores todos”. E “não sendo eu, [que] seja alguém que também tenha esse conhecimento”. Augusto Santos Silva, por seu lado, já admitiu uma candidatura, mas diz não ser “agora” o “tempo” de falar..O “independente” diz ser importante haver sondagens que abrissem a “possibilidade” de poder ir a eleições. O socialista defende “uma candidatura única” e “forte” de esquerda..Não havendo “nenhuma razão” para recusar o convite de Ventura - que aceitou “com todo o gosto” -, Santana Lopes respondeu simplesmente com um riso à pergunta se “seria importante” ter apoio do Chega nas Presidenciais..Momentos antes, já André Ventura tinha tentado a separação de águas dizendo que Santana “não veio aqui falar de Presidenciais, veio aqui falar de um tema que também lhe é caro, que é o combate à corrupção”..“Eu sei que Eleições Presidenciais são muito mobilizadoras, já disse alguns nomes que nós víamos como positivos, mas é uma eleição que está fora da equação neste momento. (...) Ainda não sabemos quem são todos os candidatos, o Chega ainda não tomou posição sobre isso”, acrescentou..E apoio nas Autárquicas? “Se esse cenário se estiver a colocar, eu avaliá-lo-ei nessas circunstâncias”, respondeu Ventura, indicando que quer se trate de uma recandidatura à Figueira da Foz ou a outro município. Por agora, garante, não é cenário que tenha sido conversado. Santana disse ser extemporânea a questão de um apoio do Chega..O garantido é que “há muito tempo” se conhecem, do tempo em que ambos estavam no PSD - e Ventura com apoio de Passos Coelho -, e que, sendo Santana “um dos políticos mais reconhecidos em Portugal”, é “importante que em matérias fundamentais para o regime, como o combate à corrupção, nós consigamos”, destacou o líder do Chega, “fazer o cruzamento de linhas entre os partidos e chegar a soluções que sejam boas para as pessoas”..A tese do “cruzamento de linhas”, defendida por André Ventura, tem nas palavras de Rui Gomes da Silva uma leitura conclusiva: “Luís Montenegro será o último primeiro-ministro do PSD”. E tudo, justificou, por entender que o Chega “é hoje uma ameaça a essa alternância” de poder entre PSD e PS. Mas não apenas. O antigo ministro dos Assuntos Parlamentares comparou André Ventura a Sá Carneiro ou Cavaco Silva por “jogar fora do bloco central de interesses”..Rui Gomes da Silva, que foi chefe de gabinete de Santana Lopes [no primeiro Governo de Cavaco Silva] e mais tarde ministro dos Assuntos Parlamentares e ministro-Adjunto do primeiro-ministro - que era Santana -, lamentou, elogiando Ventura, que quando “aparecem pessoas na política a querer mudar de políticos e a querer mudar de políticas são acusados de extremistas, populistas”. .No final do dia, numas Jornadas Parlamentares que não eram, tinha assegurado Ventura, para se falar de Presidenciais, foi anunciada a possibilidade de o líder do Chega se candidatar a Presidente da República..“Até final de março, eu apresentarei ao partido, e tornarei pública, aquela que é a minha posição sobre as Eleições Presidenciais, sobre se vou avançar ou não para as Eleições Presidenciais em janeiro de 2026”, garantiu. .André Ventura foi candidato presidencial em 2021, tendo ficado em terceiro lugar, atrás de Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Gomes. O presidente do Chega obteve 11,90% dos votos (496 773 votos).