Um encontro com as distritais para "arrumar a casa"
Uma reunião "serena", para "arrumar a casa". O primeiro encontro entre o líder do PSD, Rui Rio, e as distritais do partido saldou-se por muita organização e pouca política. O líder social-democrata apresentou aos dirigentes distritais os contornos do futuro Conselho Estratégico Nacional (CEN), o organismo que vai funcionar como um "governo sombra" e que vai preparar o programa eleitoral do partido - mas sem avançar nomes. Afastadas as dúvidas nesta matéria, a reunião decorreu, nas palavras de alguns dos presentes, de forma "pacífica" e "em sintonia".
Dos 16 porta-vozes que vão constituir o CEN, são até agora conhecidos o presidente - David Justino -, e o coordenador para a Agricultura, Arlindo Cunha. Além destes, o DN sabe que o deputado José Matos Correia deverá ser o nome responsável pela área da Administração Interna. E que Álvaro Amaro, o presidente dos autarcas sociais-democratas (que está a conduzir as conversações com o governo em matéria de descentralização) é o nome em cima da mesa para a área da reforma do Estado.
Na reunião com os 19 líderes distritais, na noite de quarta-feira, o CEN foi o tema em maior destaque, com Rui Rio e David Justino a explicarem os moldes do funcionamento do novo organismo, que o próprio líder já qualificou como uma "revolução" no partido. O anúncio da criação do CEN causou alguma apreensão entre as estruturas distritais, que temiam que o Conselho Estratégico viesse esvaziar competências das estruturas locais. Um cenário que Rio e Justino procuraram afastar logo no início da reunião e que, de acordo com vários dirigentes locais ouvidos ontem pelo DN, terá ficado esclarecido. As distritais ficarão responsáveis por definir as secções temáticas em que querem trabalhar (podendo replicar a estrutura nacional do CEN, que terá 16 áreas de intervenção) e designar os responsáveis locais por cada setor. Quanto aos nomes, Rio disse querer apresentar a lista completa dos 16 coordenadores e porta-vozes nacionais, que ainda não estará totalmente fechada.
Estratégia fica para a próxima
Do que quase não se falou foi de política nacional. A exceção foi para uma "incursão" de Rui Rio no caso Feliciano Barreiras Duarte, com o presidente do PSD a repetir o argumento de que a polémica levantada em torno do ex-secretário-geral do partido foi "desproporcional" face à falha cometida. Recorde-se que Barreiras Duarte acabou por apresentar a demissão face à notícia de que inscreveu no currículo o estatuto de visiting scholar na Universidade da Califórnia, em Berkeley, estatuto que não tinha, a que se sucedeu outra polémica, pelo facto de ter dado como residência o Bombarral, quando vivia efetivamente em Lisboa, uma diferença que tem implicações nas ajudas de custo concedidas aos deputados. Já o novo nome avançado por Rio para o cargo - José Silvano, que também esteve presente na reunião - foi bem recebido pelos líderes distritais.
Com um Conselho Nacional marcado para a próxima semana, Rio optou por não se alongar em temas de política nacional. O que viria a motivar o reparo do presidente da distrital de Viseu. Segundo relatos feitos ao DN por presentes na reunião, Pedro Alves disse que esperava sair da reunião com a definição de uma estratégia política para combater o governo, o que não sucedeu. Rio remeteu a questão para um futuro encontro, adiantando que voltará a chamar brevemente os dirigentes para debater então questões mais estratégicas. De acordo com os estatutos, o presidente deve reunir com as estruturas distritais pelo menos de dois em dois meses.
Numa reunião que se prolongou para lá da uma da manhã, falaram 18 dos 19 dirigentes distritais do partido. Só Pedro Pinto, líder da distrital de Lisboa abdicou da intervenção, invocando o adiantado da hora. Um dos temas levantados no encontro foram as dificuldades financeiras de muitas dezenas de concelhias, que não receberam ainda a última tranche das subvenções devidas pelas eleições autárquicas. Com Valentina Marcelino