Sócrates: "Cumpram criteriosamente a lei. Vocês sabem do que eu estou a falar"

"Eu prometi a mim próprio que não ia falar do processo em que estou envolvido, mas..."
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José Sócrates participa esta quinta-feira na Universidade de Verão do PS e o seu discurso não evitou alusões ao processo judicial em que é investigado.

Numa intervenção dedicada ao tema da globalização, na iniciativa que decorre na Federação Distrital de Lisboa do PS, o ex-primeiro-ministro encadeou a longa reflexão, que começou nos julgamentos de Nuremberga e na emergência do direito individual - que classificou como o maior valor já 'exportado' pela Europa -, passou pelo tratamento dado aos refugiados por vários estados europeus e por outras atitudes europeias que "ameaçam" esses valores, e fatalmente foi parar ao assunto que José Sócrates tinha "prometido" a si próprio não levar à conferência desta tarde.

"Prometi a mim próprio não falar [aqui] do processo em que estou envolvido", disse, "mas quero falar deste aspeto: os poderes que estamos a dar demais ao Estado".

Nova ligação no discurso, desta vez passando pela disponibilidade do atual governo para dar à Autoridade Tributária acesso a contas bancárias, lembrando o papel histórico do PS em defesa dos "direitos do indivíduo" sobre os poderes excessivos do Estado, e um aviso, com destinatários perfeitamente identificados:

"Se queremos prestigiar as instituições, devemos dizer: 'Cumpram criteriosamente a lei e respeitem os cidadãos'. Vocês sabem do que estou a falar".

A participação de Sócrates nesta iniciativa do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas gerou alguma controvérsia, tanta que a presidente deste organismo, Susana Amador, comentou esta tarde, lamentando o facto.

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Resposta a Ana Gomes

Uma das vozes críticas à presença do ex-primeiro-ministro nesta iniciativa do PS foi a da eurodeputada socialista Ana Gomes, que acusou a federação de Lisboa do partido de conviver com o que chamou as "efabulações" de José Sócrates.

"Já me habituei a ser insultado por adversários políticos (...) mas nunca pensei que, dentro do Partido Socialista, alguém pudesse fazer coisas daquelas, insultando e fazendo o jogo dessa direita que preferiu fazer-me uma condenação sem julgamento", afirmou esta tarde o antigo governante, em declarações aos jornalistas após o discurso na Universidade de Verão.

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