Um médico a dar uma consulta enquanto segura um guarda-chuva. É com esta imagem que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) denuncia as condições de trabalho "inadmissíveis" no atendimento a utentes nos centros de saúde de Loulé e de Albufeira, no Algarve, devido à chuva que cai em gabinetes..Esta quarta-feira "na Unidade de Saúde Familiar (USF) Lauroé, no Centro de Saúde de Loulé, algumas consultas foram realizadas com a chuva a cair dentro do gabinete. Na Unidade de Saúde Familiar de Albufeira chove em dois gabinetes. Os utentes estão a reclamar no livro amarelo por serem atendidos nestas condições", denunciou ontem a direção regional do Algarve do SEP, em comunicado..O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve garante que só tomou conhecimento destes casos pela imprensa, assegurando que "nunca houve uma comunicação interna" para o organismo a informar que chovia nos gabinetes. João Moura Reis diz que, "mal teve conhecimento", enviou técnicos do gabinete de instalações e equipamentos para Loulé e Albufeira para tratarem da questão..Segundo o sindicato, estas duas unidades "funcionam em contentores que têm vindo a degradar-se ao longo dos anos" e são afetados por "infiltrações de água que comprometem o sistema elétrico e o funcionamento dos telefones, bem como a integridade dos equipamentos, nomeadamente informáticos".."É inadmissível que os utentes estejam sujeitos a estas condições, num espaço físico que deveria ser um exemplo de promoção da sua Saúde. Exige-se que os profissionais tenham um ambiente de trabalho seguro", considerou a estrutura sindical..O sindicato apontou a existência de casos de funcionários com queixas de "reações alérgicas do foro respiratório e dermatológico", que os profissionais "atribuem ao isolamento térmico/acústico do contentor que está podre", segundo o comunicado..O presidente da ARS do Algarve adiantou que estão em curso os procedimentos para "construir de raiz duas USF", estando o caso de Loulé mais adiantado, porque "já foi assinado com o município um protocolo para a cedência do terreno" onde a unidade irá ser edificada, situação que "deverá acontecer também em breve com Albufeira"..A mesma fonte reconheceu ainda que a situação em causa, a verificar-se como o sindicato denunciou, "não devia ter acontecido", porque "havia outros gabinetes livres que poderiam ser utilizados para dar consultas" e, em última instância, "caso não houvesse, as consultasdeveriam ter sido canceladas e transferidas para uma data em que houvesse condições para as dar".