Roubo de Tancos. PGR confirma suspeitas de terrorismo internacional
A Procuradoria-Geral da República confirma hoje que em causa, no roubo de material de guerra em Tancos, "estão em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional".
Num comunicado, a PGR afirma que "face a notícias relativas ao desaparecimento de material de guerra ocorrido em Tancos foram, desde logo, nos termos legais, iniciadas investigações" e que, "na sequência de análise aprofundada dos elementos recolhidos, o Ministério Público apurou que tais factos, se integram numa realidade mais vasta".
[citacao:Estão em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional]
"Atenta a natureza e gravidade destes crimes e os diferentes bens jurídicos protegidos pelas respetivas normas incriminadoras, o Ministério Público decidiu que a investigação relativa aos factos cometidos em Tancos deveria prosseguir no âmbito de um inquérito com objeto mais vasto a ser investigado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)", diz o comunicado.
A ministra da Administração Interna desmentiu ontem a possibilidade de o roubo de material de guerra de Tancos estar ligado a uma rede de crime organizado e tráfico de armas e não ao jihadismo e terrorismo, conforme avançava o jornal espanhol El Mundo. "Não corresponde à verdade", disse o gabinete de Constança Urbano de Sousa.
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O furto de material de guerra em paióis de Tancos foi detetado no dia 28 de junho, tendo o Exército anunciado então que desapareceram granadas de mão ofensivas e munições de calibre de nove milímetros.
No domingo, o jornal espanhol El Español divulgou uma lista de armamento, que diz ser "o inventário definitivo" do material furtado, distribuída às forças antiterroristas europeias.
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A lista publicada pelo jornal, não confirmada pelo Exército português, inclui 1.450 cartuchos de munição de nove milímetros, 18 granadas de gás lacrimogéneo e 150 granadas de mão ofensivas.
No sábado, o chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, admitiu desconforto pelo roubo de material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, tanto mais que o Exército foi atingido "no orgulho e prestígio".
Em declarações à RTP, o general considerou que o incidente foi "particularmente ingrato" porque tem vindo "pessoalmente a fazer um esforço para a vigilância e segurança das unidades".
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O general Rovisco Duarte adiantou que exonerou cinco comandantes de unidades do ramo para não interferirem com os processos de averiguações sobre o furto de material de guerra em Tancos.