Rangel aceitaria redução da TSU (mas apoia 'não' de Passos)

O eurodeputado do PSD, putativo candidato à sucessão de Passos Coelho, defende-o na decisão de votar contra a descida das contribuições das empresas para a Segurança Social

"Pessoalmente, não tenho nada contra a solução da concertação social, parece-me uma solução aceitável", afirma ao DN o eurodeputado do PSD Paulo Rangel. Mas isto não o impede - pelo contrário - de achar que "o PSD tem toda a razão" agora quando diz que votará no Parlamento contra aquela solução - que é baixar as contribuições das empresas para a Segurança Social (a chamada TSU, taxa social única) para as compensar do aumento do salário mínimo nacional (SMN). PCP e BE já disseram que avocarão ao Parlamento o diploma governamental baixando a TSU assim que este for publicado em Diário da República. E os votos somados destes dois partidos aos do PSD chumbam o acordado na concertação social (ver texto ao lado).

O voto contra do PSD já foi criticado internamente. Manuela Ferreira Leite, por exemplo, afirmou que "sobre essa matéria o PSD devia estar calado, o máximo que devia fazer era abster-se na votação". Isto apesar de ela própria também ser contra a descida da TSU.

Para Rangel, o problema é que o governo já sabia que teria a oposição do PCP e do Bloco de Esquerda se avançasse para esta medida. E, portanto, deveria ter previamente conversado com o PSD para manter a maioria no Parlamento.

"Um acordo de concertação social também pressupõe uma concertação política", afirma. Ou seja: "o governo, quando assume compromissos na concertação social, tem de ter garantias de que isso passa [no Parlamento]. Até poderia ter tido do PSD - mas primeiro teria de ter falado com o PSD e não o fez", explica o eurodeputado (visto no PSD como um possível candidato à sucessão de Passos quando o problema for suscitado). "Como é que o governo, sabendo que nunca teria apoio nesta matéria dos seus partidos parceiros, não procurou previamente apoio do PSD?" "Esta solução tem de ser encontrada pelo quadro que sustenta o governo" e o primeiro-ministro "tem de perceber que isto não um jogo de malabarismo."

Ontem, em Évora, falando na tomada de posse dos órgãos distritais do partido, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, ironizou com o Bloco de Esquerda e o PCP: "Se a coisa começou assim com a TSU e o salário mínimo nacional, como vai ser o resto do ano? Vão andar sempre a pedir ao PSD para apoiar o governo porque eles, neste ano, estão de baixa, meteram folga?"

Segundo acrescentou, "neste ano, porque há eleições autárquicas ou por outra coisa qualquer, parece que estão desentendidos". Mas, reafirmou, é com o PCP e o Bloco que o governo terá de resolver o assunto.

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