Quiseram matar o Colégio Militar mas o Colégio Militar não morreu
Já dormem, desde anteontem, raparigas no colégio que até 2013 era só para rapazes. Custou 1,8 milhões para cem camas.
"Estas instalações são muito melhores do que as de Odivelas." Inês Maurício, 16 anos, está no 11.º ano e é uma das alunas que transitaram do Instituto de Odivelas, onde estava no regime de internato, para o Colégio Militar (CM). Refere-se ao novíssimo edifício das camaratas femininas, que o ministro da Defesa, Aguiar-Branco acabou de inaugurar, qualificando o dia como "histórico": "O mais difícil não foi construir o edifício, foi destruir os preconceitos, num tempo em que não se justificam dogmas de casta ou de género."
Inês, que como as suas colegas mais velhas tem direito a um quarto individual enquanto as mais novas ocupam camaratas de dez camas, concordará: "Gostei sinceramente de vir para cá e do convívio com os rapazes. No mundo lá fora é assim, não estamos separados. E fiquei chocada quando ouvi dizer que integrar aqui raparigas era matar o colégio. Não entendi muito bem essa polémica. E pensei que fôssemos mais discriminadas cá, mas não aconteceu nada desse tipo, fomos muito bem recebidas."
Filha de um militar (no que é minoritária, já que a maioria dos alunos desta escola são filhos de civis) e portanto beneficiando de um desconto muito considerável numa mensalidade que para os civis é de 612 euros (tendo baixado em relação a 2013, quando era 681), Inês não planeia, como grande parte dos colegas, dedicar-se à vida militar. "O que quero fazer? Gosto muito de teatro. Tenho aqui aulas de teatro e é aquilo de que mais gosto. Mas estou a pensar em seguir Psicologia." Inês é uma das cem internas num total de 272 raparigas matriculadas neste ano no estabelecimento. Ao fim de dois anos letivos de ensino integrado, as raparigas são quase tantas como o número total de alunos rapazes do ano letivo de 2013-2014 - 354 - quando elas eram só 47. Dever-se-á portanto a elas grande parte senão todo o acréscimo de 30% de alunos que o ministro proclamou no seu discurso - havendo até, segundo a assessoria de imprensa do estabelecimento, fila de espera para o internato de raparigas.
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