PSD:"economia não está a correr bem" e o Governo é "irrealista"
O PSD considerou hoje "irrealista e irresponsável" o Governo insistir em manter um cenário macroeconómico "em que já ninguém acredita", apelando ao executivo que reverta a estratégia porque os dados comprovam que "a economia não está a correr bem".
Numa conferência de imprensa na sede nacional do PSD, em Lisboa, a vice-presidente social-democrata e ex-ministra das Finanças reagiu aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje conhecidos, que mostram que "a economia não está a correr bem".
"É irrealista e irresponsável insistir em manter num cenário macroeconómico em que já ninguém acredita", disse, apelando a que o Governo reverta a estratégia que está a implementar.
Maria Luís Albuquerque aproveitou ainda para criticar "a trapalhada" do processo de reposição das 35 horas de trabalho semanal e considerou o acordo com os estivadores outro dos exemplos de retrocesso levado a cabo pelo atual executivo socialista.
Na opinião da deputada do PSD, a questão da reposição das 35 horas, que "interrompe um princípio de aproximação entre os regimes do setor público e do setor privado", "tem sido um péssimo exemplo da forma de governar do atual Governo" e a aplicação diferenciada que se perspetiva "gera uma enorme perturbação".
"Não conseguimos compreender como é que o Governo diz que não há impacto porque isso seria o mesmo que admitir que os trabalhadores do setor público trabalharem mais cinco horas por semana não produzem nada. É absolutamente incompreensível", criticou.
Maria Luís Albuquerque não tem "dúvidas de que a maioria [parlamentar de esquerda] acabará por se entender" em relação às 35 horas, receando que "esses entendimentos sirvam mais interesses particulares do que aquilo que deveriam ser os interesses nacionais".
Sobre a gestão do processo da greve dos estivadores no Porto de Lisboa, a dirigente social-democrata afirmou que "o Governo andou seis meses, literalmente, a assobiar para o lado e quando decidiu intervir e que a greve tinha que acabar naquele próprio dia, a forma de conseguir esse resultado foi uma cedência total àquilo que eram as reivindicações" dos trabalhadores.
"O Governo desistiu de governar e está demasiado condicionado pelos parceiros à sua esquerda", condenou, alertando para o perigo de "quando se verifica que aqueles que têm a capacidade de paralisar a economia acabam por ter ganho de causa".
Concretamente sobre os dados hoje conhecidos do INE, a ex-ministra das Finanças realçou que estes "confirmam o abrandamento da economia nacional", já que "Portugal no primeiro trimestre deste ano cresceu abaixo da média europeia".
"Temos o investimento a afundar e sem o investimento não teremos crescimento sustentado e não teremos criação de emprego", explicou, evidenciando ainda que "as exportações estão também em queda".
Segundo Maria Luís Albuquerque, "isto tem como consequência que previsivelmente as metas deste ano não serão atingidas", antecipando "um desempenho económico pior do que o do ano passado".
"O abrandamento económico não acontece por acaso. Decorre das políticas que têm estado a ser seguidas pelo Governo", acusou.