PSD pondera homenagem a Cavaco Silva no congresso

Moldes da homenagem ainda estão a ser pensados pela direção do partido. Várias figuras sociais-democratas consideram que se trata de uma homenagem justa ao ex-presidente
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Numa altura em que está a ser preparado o XXXVI Congresso do PSD, uma das propostas que a direção está a ponderar é fazer um louvor ao ex-presidente da República Cavaco Silva, naquela que é a reunião magna do partido.

Os moldes da homenagem a Cavaco Silva ainda não estão fechados. As hipóteses em cima da mesa, explicou fonte social-democrata ao DN, pode "passar por um vídeo, com fotografias de Cavaco Silva no congresso da Figueira da Foz, como primeiro-ministro e presidente, ou alguém da direção, que até pode ser o próprio líder, fazer uma referência elogiosa no discurso para o congresso aplaudir de pé o professor Cavaco". Outra ideia seria convidar Cavaco Silva a ir ao congresso, mas o anterior presidente ainda está numa fase de recato.

Há quem resista a esta homenagem no partido, devido à baixa popularidade com que Cavaco Silva abandonou o cargo, mas outra fonte dos órgãos nacionais do PSD explica que "esta seria uma boa forma de ter picos de interesse de um congresso que até agora está muito morto". Porém, a decisão final será do presidente do PSD, Passos Coelho.

Pedro Pinto, vice-presidente do partido, diz desconhecer o que está a ser preparado para o congresso, mas admite que a homenagem poderá acontecer. O deputado social-democrata acredita que o congresso, com ou sem homenagem formal, "terá sempre uma palavra de congratulação por aquilo que foi o trabalho dos últimos anos do presidente da República"

José Eduardo Martins, antigo secretário de Estado e crítico da direção de Passos Coelho, diz achar "muito bem" que se destaque o papel de Cavaco Silva na reunião magna de Espinho. "Foi presidente do PSD, primeiro-ministro dez anos e presidente da República outros dez e merece a homenagem." Mas numa alusão indireta às relações tensas entre Passos Coelho e o novo Chefe do Estado, também antigo líder do partido, Marcelo Rebelo de Sousa, garante: "Tenho a certeza de que quem liderar o PSD daqui a dez anos fará a mesma coisa pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa."

Em entrevista ao DN, o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Hugo Soares, refere que ainda não ouviu nenhum "rumor" sobre uma homenagem ao ex-presidente, mas acrescentou que "o país, deve estar muito agradecido ao professor Cavaco Silva".

Hugo Soares lembra que "no reino da hipocrisia e da demagogia se disse coisas inenarráveis sobre aquilo que foi a atuação do professor Cavaco Silva como presidente da República, e Cavaco Silva foi um presidente de excelência que cumpriu o seu mandato no respeito total pela separação de poderes, mas sobretudo pelo cumprimento escrupuloso daquilo que são as funções de um presidente da República, magistério de influência que muitas vezes foi desconhecido, mas foi absolutamente essencial para que Portugal pudesse ter num momento difícil a estabilidade política necessária".

Joaquim Ferreira do Amaral considera que se trata de uma "homenagem justíssima" se se vier a concretizar. O antigo ministro de Cavaco Silva afirma que o ex-presidente da República "foi uma pessoa de enorme importância para o PSD e faz todo o sentido homenageá-lo no congresso. Era até complicado deixar passar esse momento. É muito oportuno porque ele acaba um ciclo de enorme importância e é uma homenagem que tem valor por si a uma pessoa que diz muito ao PSD e que desempenhou cargos de grande relevo - e quanto a mim saiu-se muito bem neles".

Eduardo Catroga, também antigo ministro de Cavaco, frisa que não faz parte do aparelho do partido e que, por esse motivo, não sabe se é o momento adequado para celebrar os anos de governação e presidência do ex-chefe do Estado. Mas na sua opinião, foi o militante do PSD que mais marcou a vida política do país.

"Durante dez anos foi o melhor primeiro-ministro da história democrática da vida política independente do país e durante 10 anos o melhor PR da história democrática da vida política independente do país (independentemente das opiniões que se tenha sobre o segundo mandato após a bancarrota a que nos levou o governo de José Sócrates e de que Cavaco sofreu as vicissitudes de uma população indignadíssima). Mas desempenhou sempre bem as suas funções e é de longe o português que mais contribuiu para a vida do país, por isso todas as homenagens que lhe façam - e acredito que virão a fazer - são poucas. E o PSD deve-lhe uma", afirma.

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