PSD pode ter vantagem com divisão de votos dos socialistas
Um destes três candidatos, Miguel Costa Gomes, Domingos Pereira ou Mário Constantino será, inevitavelmente, o novo presidente da Câmara de Barcelos. A população não parece ainda ter um claro favorito. Nesta altura, a maior preocupação local é a abstenção.
Em Barcelos, a luta pelo poder começou, há mais de um ano, dentro do Partido Socialista (PS). Domingos Pereira, antigo número dois da Câmara Municipal (CM) queria ser candidato a presidente. O PS não deixou e escolheu manter Miguel Costa Gomes, o atual presidente. Domingos Pereira, até então vice de Miguel Costa Gomes e líder do PS Barcelos, demitiu-se dos cargos partidários, desfiliou-se do partido e avançou como independente.
Para perceber melhor todo este processo é necessário recuar até 2009, ano em que Miguel Costa Gomes venceu as autárquicas, derrotando o candidato do PSD, Fernando Reis. O presidente renovou o mandato, em 2013 e tudo apontava para que fosse a opção natural para as eleições deste ano. Contudo, o PS de Barcelos avançou com outro nome, o do ex deputado Domingos Pereira.
A decisão da estrutura partidária local foi contra as regras da direção nacional do PS, que prevê a recondução dos autarcas socialistas que se queiram recandidatar. Foi, assim, a intervenção da Comissão Política Nacional do PS, que resolveu o problema, impondo o nome do atual presidente da CM Barcelos na corrida às autárquicas 2017. Domingos Pereira não baixou os braços e decidiu avançar como independente, levando a uma provável divisão dos votos socialistas no concelho, que foi durante anos pintado de "laranja". Mesmo desfiliando-se do partido, Domingos Pereira assegurou que, se continuar a integrar o grupo parlamentar do PS, será um deputado "leal".
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À luta ente Miguel Costa Gomes e Domingos Pereira junta-se Mário Constantino, o candidato social democrata, em coligação com o CDS. O nome do candidato do PSD não é novo para os barcelenses. O professor e advogado já foi vice-presidente da CM de Barcelos e vereador, com ligações à autarquia até 2009, ano em que o PSD perdeu a hegemonia no concelho, para o PS. O nome de Mário Constantino também não reuniu consenso. O PSD/Barcelos tinha anteriormente anunciado que o seu candidato nas próximas autárquicas seria Sérgio Azevedo, mas a contestação interna fez cair a sua candidatura.
Um destes três candidatos, Miguel Costa Gomes, Domingos Pereira ou Mário Constantino será, inevitavelmente, o novo presidente da Câmara de Barcelos, com slogans de campanha que fazem antever as apostas políticas de cada um. Domingos Pereira defende "Barcelos, Terra de Futuro". "De futuro porque em 2009 o PS Barcelos apresentou uma solução de governação que rompesse com o conformismo da gestão autárquica exercido durante 30 anos, ignorando a nova realidade política numa conjuntura de grandes fluxos financeiros, disponibilizados através dos diferentes Quadros Comunitários", explicou o candidato no seu discurso de apresentação.
Miguel Costa Gomes sustenta "Paixão por Barcelos". É um slogan que apela ao amor pelo concelho e uma equipa "renovada e com paixão por Barcelos", salientou Miguel Costa Gomes, na apresentação da sua lista. "Mais Barcelos", o slogan do da coligação PSD/CDS, e promete, segundo Mário Constantino, fazer "os Barcelenses participarem de forma ativa na gestão camarária, que abra a câmara às pessoas".
Mudanças em maio
No atual executivo da CM, só o presidente Miguel Costa Gomes e a vice, Armandina Saleiro, é que detêm pelouros. Em Maio de 2016, Costa Gomes retirou os pelouros a Domingos Pereira, alegando "deslealdade", depois da sua polémica candidatura à CM de Barcelos. Outros três vereadores socialistas renunciaram aos pelouros, em solidariedade para com Domingos Pereira.
Miguel Costa Gomes, que conseguiu reduziu um passivo em 32 milhões de euros, avança agora com uma lista da qual fazem parte Armandina Saleiro, José Beleza, Anabela Real, Francisco Rocha, Miguel Costa Faria, Ilda Silva, Casimiro Rodrigues, Catarina Sá, Catarina Duarte e Ricardo Guimarães.
Miguel Costa Gomes ganhou um adversário interno, mas já fez saber que, para ele, o grande rival nestas eleições não é o seu antigo vice, Domingos Pereira, mas sim Mário Constantino, do PSD.
Já Domingos Pereira parte para a corrida com José Pereira, Elisa Braga, Paulo Mendanha, António Miranda, Sandra Longras, António Rodrigues, Sérgio Torres, Sandra Teixeira, Jorge Rodrigues, Gonçalo Santos, Paula Vilas Boas, André Simões, Paula Gomes, Nuno Ponte e Sandra Santos. Na apresentação da lista, o ex deputado prometeu dar especial atenção à agricultura e à área empresarial.
O PSD foi "o partido de Barcelos" entre 1976 e 2009, ano em que perdeu, por pouco (43.35%), as eleições autárquicas para o PS (44.52%). Em 2013, a margem de votos já foi superior, ganhando com cerca de 46% dos votos, contra 34.97% do PSD. Os socialistas entram na próxima corrida divididos entre dois candidatos e com os votos dispersos. Quem poderá ganhar vantagem com esta luta interna no partido socialista é o PSD, que espera recuperar um concelho que já foi seu durante várias décadas.
A população não parece ainda ter um claro favorito. Nesta altura, a maior preocupação local é a abstenção, que nas últimas eleições passou dos 30%, naquele que é o maior concelho do país (no que diz respeito ao número de freguesias).