"Pelas funções que exerço sinto-me na mira dos meus adversários"

Manuel Machado, que foi mandatário de António José Seguro, afirma entrevista ao DN que António costa tem sido um bom primeiro-ministro.
Publicado a
Atualizado a

O PS irá conseguir um bom resultado nas autárquicas?

Para um democrata que já se submeteu a eleições, que já ganhou e já perdeu, encaro com todo o respeito o direito a voto de cada cidadão. Tenho esperança, claro, de ver recompensado o esforço desenvolvido pelo PS. Não quero ter a segurança de dizer que estão ganhas porque isso seria desrespeitar a democracia e o voto de cada cidadão. É importante que os titulares de cargos políticos apelem às pessoas para participarem nas eleições. Uma das minhas preocupações é a tendência para o abstencionismo, que é perigosa para a democracia.

A direção do PS identificou dez municípios do PS como "problemáticos", e incluiu na lista Coimbra...

Pela importância da Câmara de Coimbra no contexto nacional e pelas funções que exerço na ANMP, naturalmente que me sinto na mira dos meus adversários, mas sinto o apoio do PS e sinto-me confortado pela gente disponível no partido para ajudar a que as coisas melhorarem. Não me sinto intimidado.

Pensa em recandidatar-se em 2017?

Sempre estive disponível para trabalhar pelo meu partido, pela minha cidade e pela minha pátria. Ninguém determina o meu caminho porque sou eu que o determino e a minha agenda sou eu que a escolho.

No Porto o PS ainda não divulgou o candidato. Acha admissível o partido apoiar Rui Moreira?

Eu não gostaria de me pronunciar acerca de nenhum dos municípios, porque sendo presidente da ANMP tenho de respeitar as funções. Defenso que os partidos devem ter candidatos nos municípios, nas freguesias, nas regiões. Não significa que não deva haver grupos de cidadãos intitulados de independentes ou equiparados que também promovam candidaturas. Mas o normal em democracia é as pessoas dizerem ao que vão, e os partidos são essenciais à democracia.

Há um conjunto de presidentes de câmara que saíram por limitação de mandatos, inclusive alguns do PS, e que queriam voltar. Acha que o PS devia apoiá-los?

Já estive dos dois lados da barricada. A decisão sobre isso tem que ver com a ética de cada um, o local onde vive e se quer ajudar, por isso não há uma receita geral.

Considera benéfica a limitação de mandatos dos autarcas?

Sempre defendi que os cidadãos quando acham que o governo autárquico não corresponde às suas expectativas não o elegem.

Foi mandatário de José Seguro, mas identifica-se com as opções políticas de António Costa.

Sou amigo muito especial de António José Seguro e amigo de António Costa. Tornei-me militante no dia 1 de maio de 1974, vi e convivi com muita gente. António Costa tem demonstrado o trabalho como primeiro-ministro de um modo muito positivo, terá erros tal como eu, obviamente, mas tem vindo a fazer um esforço notável e a experiência política que se está viver em Portugal merece respeito e apoio. Não é nem será fácil.

A situação económica do país deixa-o confortável?

Não sei se já lhe disse, mas sou licenciado em Economia e tive um notável professor em Coimbra, Simões Lopes, que dizia que há coluna que é feita pelos contabilistas que tem números, e arte é fazer transpor números para a coluna ao lado, a das pessoas.

Então Costa é um artista?

Não. Ele domina a arte da política por não ter esquecido as pessoas. Ajudou o facto de ter sido autarca de Lisboa. Penso que ele considera que as pessoas são muito importantes para as colunas dos contabilistas.

Pensa que o governo vai conseguir chegar ao final do mandato?

Sim, acredito.

Tem gostado da atuação do Presidente da República?

Tem surpreendido, especialmente aqueles que não o conheciam de perto. Marcelo exerce a sua função com enorme gosto, e isso tem ajudado o país. Depois tem aquele modo muito especial de ser, é franco e tem vida vivida. Marcelo está a desempenhar a sua função com dignidade, com empenhamento naquilo que é essencial para a comunidade. Tem tido um desempenho positivo. E não o apoiei, fui mandatário de Maria de Belém [risos].

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt