PCP quer banca "nas mãos do povo", Governo propõe supervisão intrusiva
O secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças, defendeu hoje que a supervisão bancária deve "tornar-se intrusiva" para agir antes dos problemas surgirem, com o PCP a exigir a banca "nas mãos do povo".
"A supervisão do setor bancário tem de se tornar de facto intrusiva. A supervisão intrusiva não pode ser apenas um mero `slogan", tem de ser algo de facto que se verifique, que permita identificar e agir antes que as situações se tornem irreversíveis. Tem que se tornar prospetiva e proativa na prevenção dos problemas do sistema financeiro", afirmou Ricardo Mourinho Félix. O secretário de Estado intervinha no debate de atualidade suscitado pelo PCP, no parlamento, sobre o "sistema financeiro e controlo público da banca".
No início do debate, o deputado comunista Miguel Tiago defendeu o reforço da banca pública e criticou o atual sistema de supervisão financeira, afirmando que o Banco de Portugal "não se limitou a não fazer nada". "Esconde, dissimula, silencia os problemas e para fingir que nada faz escreve umas cartas aos banqueiros e no final passa a conta aos portugueses, uma conta que neste momento está perto dos 20 mil milhões de euros", acusou Miguel Tiago.
Defendendo o reforço do controlo público da banca, Miguel Tiago propôs que o Novo Banco não seja integrado na Caixa Geral de Depósitos mas sim que seja "um novo banco na esfera pública". "A banca pública tem que ser afastada das práticas que mimetizam a banca privada", disse, propondo uma "reflexão urgente" sobre o sistema financeiro e argumentando que "só a banca nas mãos do povo não rouba o país".
O deputado do PS Fernando Anastácio remeteu para palavras anteriores do primeiro-ministro, António Costa, dizendo que estão a ser consideradas "todas as soluções" para o Novo Banco mas advertiu que importa "avaliar a capacidade de o Estado ter dois bancos".
Para o deputado do PSD Manuel Rodrigues, "a nacionalização é um modelo ultrapassado e é uma má prática" e o controlo público do sistema financeiro "é um obstáculo à economia de mercado". "É a supervisão que garante a transparência, estabilidade", defendeu, acrescentando que os mecanismos de supervisão "tem vindo a ser reforçados".