PCP aplaude compromisso com PS. Jerónimo desafia Governo sobre UE
Jerónimo de Sousa desafiou o PS a dar um passo em frente para "assegurar um outro patamar", que "exige enfrentar as imposições da União Europeia, romper com os interesses do capital monopolista, afirmar a soberania e independência nacionais".
Esta opção, sublinhou o secretário-geral do PCP, no seu discurso de abertura do XX Congresso do partido, passa por "enfrentar o problema da dívida, preparar o país para se libertar do euro, rejeitar as imposições do tratado orçamental e de outros instrumentos, assegurar o controlo público sobre a banca e o setor financeiro".
Num longo exercício de uma hora e 20 minutos, para prestação de contas e uma leitura sobre os últimos quatro anos, desde o anterior congresso comunista de 2012, Jerónimo de Sousa sublinhou que a "posição conjunta" assinada com o PS é uma solução "limitada", "cuja durabilidade depende diretamente da adoção de uma política que assegure a inversão do rumo de declínio e retrocesso impostos pelo governo anterior e corresponda aos interesses e aspirações os trabalhadores e do povo". Mas, apontou, "os resultados, apesar de limitados, são visíveis".
Retomando as Teses que prepararam esta reunião magna, que decorre até domingo em Almada, o líder comunista insistiu que - apesar da "posição conjunta" assinada com o PS, há pouco mais de um ano, que viabilizou a governação socialista - "não era, e não é, a solução para responder ao indispensável objetivo de rutura com a política de direita e à concretização de uma política patriótica e de esquerda".
Mais: esta "nova fase da vida política nacional não traduz um governo de esquerda, nem uma situação em que o PCP seja força de suporte ao governo por via de um qualquer por via de um qualquer acordo de incidência parlamentar que não existem, mas sim uma solução que permitiu a formação e entrada em funções de um governo minoritário do PS com o seu próprio programa".
Nesse programa socialista "está presente um compromisso de reverter direitos e rendimentos esbulhados aos trabalhadores e ao povo e inverter o rumo de desastre que vinha sendo imposto", atirou Jerónimo, levando o Congresso a aplaudir esta passagem.
Este atual "quadro político" - que a oposição de direita acabaria por batizar de "geringonça" - "permite ao PCP manter total liberdade e independência políticas, agindo em função do que serve os interesses dos trabalhadores, do povo e do País". Mas, sublinhou o secretário-geral comunista, "o que pesa particularmente na evolução da situação política é a existência de uma relação de forças na Assembleia da República em que PSD e CDS-PP estão em minoria".
Nesta passagem Jerónimo sublinhou a possibilidade dos grupos parlamentares do PCP e do PEV condicionarem "decisões" e serem "determinantes e indispensáveis à reposição e conquista de direitos e rendimentos".