As medidas tomadas pelo governo anterior relativas às Forças Armadas exigem "um outro caminho" ao executivo de António Costa mas chegados ao verão, acusa o PCP, "não só nenhum sinal ou medida surge como, nalguns casos, o sinal é de sentido contrário"..No que é a segunda crítica dura do PCP ao governo PS em poucos dias, depois das que fez por não ter sido ouvido no processo de escolha - por parte do PS, PSD e BE - dos cinco novos juízes do Tribunal Constitucional, os comunistas atacam agora a política do ministro Azeredo Lopes num artigo publicado no último número do Avante!.."Impunha-se, e impõe-se, um outro caminho. Mas, em boa verdade, vai-se generalizando a ideia de que assim não será", lê-se na última edição do jornal oficial do PCP. Assinado por Rui Fernandes, um dos responsáveis do partido pela área da Defesa, o artigo elenca vários exemplos: a "não alteração" do Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR), "quando sete meses depois o ministro da Defesa ainda não encontrou tempo para receber todas as associações militares" ou "assume como boa a Lei de Programação Militar" (relativa ao reequipamento do Estado-Maior-General da Marinha, Exército e Força Aérea)..O Ministério da Defesa escusou-se a fazer comentários ao DN sobre as críticas do PCP, um dos partidos de esquerda em cujo apoio parlamentar assenta o executivo de António Costa..Acresce, segundo os comunistas, que Azeredo Lopes "mantém uma situação pantanosa" no Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA) - objeto de fortes críticas das associações de militares desde o consulado do ex-ministro José Pedro Aguiar-Branco - e já mandou publicar "novos dispositivos legais que suscitam legítimos questionamentos, como seja o ligado com o abate aos quadros" (em que os militares dos quadros permanentes têm de indemnizar os ramos de origem para deixarem antecipadamente as fileiras)..Além de atacar "o discurso laudativo" da tutela sobre o envolvimento das Forças Armadas em missões no exterior, o PCP visa diretamente o ministro Azeredo Lopes porque "engrossa a voz para a necessidade de uma atitude firme da NATO face à Rússia"..Como esse envolvimento "tem tido como resultado inversamente proporcional" o "aumento das capacidades nacionais" em equipamentos e pessoal, o PCP conclui: "A imagem grotesca disto é que temos prestígio externo, dizem, mas decide-se pôr um polícia marítimo nas ilhas Selvagens.".Em causa o processo de instalação da Autoridade Marítima Nacional (AMN) e da Polícia Marítima (PM) nas ilhas Selvagens, anunciada há semanas pelo secretário de Estado da Defesa como forma de garantir a presença do Estado numa área disputada por países terceiros e que o Presidente da República visita dentro de semanas.