Orquestra afinada, do pré-escolar ao 12.º ano
Na aula da professora Katarzyna Pereira, do 2.º ano, a presença de jornalistas não é mais do que um breve motivo de distração. Superada a curiosidade inicial, cada uma das crianças de 7 anos retoma o instrumento atribuído ou a posição na coreografia, e prossegue a interpretação de "O palhaço" - uma das favoritas da classe.
Há 27 anos na escola, Katarzyna aponta a aposta precoce na música como um dos segredos do sucesso da Academia de Santa Cecília, que em 2017 - pelo segundo ano consecutivo - chegou ao topo dos rankings nas provas do ensino secundário. "Têm coro, têm aulas de conjunto, têm aulas de instrumento, como esta, têm aulas individuais e, mais tarde, quando são mais crescidos, têm ainda mais atividades", enumera. "A música ajuda na vida e faz-nos crescer melhor, na minha opinião", diz.
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"É uma das características que diferencia esta escola de outros projetos", concorda Filipe Raposo, professor do grupo de música do secundário, para quem a filosofia da academia passa sobretudo por "preparar seres humanos, nas suas diferentes áreas, que saiam daqui com uma boa base ". Um objetivo para o qual contribui o facto de a escola optar por se manter pequena, com "um ambiente familiar muito grande, onde quase toda a gente se conhece pelos nomes".
Estes são também aspetos sublinhados pelos diretores, Rui Paiva e Filipa Pacheco de Carvalho. Nos últimos anos, confirma o primeiro, tem aumentado o número de famílias que procuram a escola mais pelos resultados académicos do que com um futuro musical em mente. Entre os 14 alunos que terminaram o último ano letivo, há futuros médicos, engenheiros eletrotécnicos, gestores e sociólogos. Mas também há muitos "talentos revelados", diz, e continuam a sair, conta a diretora, alunos de música "para escolas de altíssimo nível, em Inglaterra, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Hong Kong".
Dos atuais 31 alunos no secundário, a maioria segue o currículo tradicional, com cinco no percurso específico para uma carreira musical e outros seis combinando as duas vertentes. Mas seja qual for a opção, diz Filipa Pacheco de Carvalho, música e formação académica "andam sempre de par em par". E a fórmula de "exigência" é aplicada aos 611 estudantes, do pré-escolar ao secundário.
"Articulamos a infantil com o 1.º, 2.º e 3.º ciclos. Os professores sabem o que entregam aos seguintes. Aqui nenhum professor se pode queixar de que um aluno lhe chega sem bases", diz, lembrando que mesmo no fim do percurso existe a preocupação de preparar os próximos passos, nomeadamente através de uma disciplina de Inglês para fins académicos no 12.º ano e de um Espaço de Projeção Pessoal, no secundário, para estimular na "participação e iniciativa dos alunos".
Esta atenção garante resultados. Mas não torna a tarefa mais fácil. "Habituamo-nos desde muito cedo. Mas continua a ser difícil", confirma Leonor, aluna do secundário. "Por um lado, os professores são mais exigentes mas, por outro, estão sempre disponíveis para nos ajudar."
Susana Martins, professora de Física e Química, confirma que esta "não é uma escola onde os alunos consigam facilmente notas muito elevadas". Mas acrescenta que também não se encontrará ali nenhum docente que desista de um estudante. E vê o retorno dessa filosofia no resultado final. "Duas antigas alunas tiveram agora a melhor nota do seu curso de Engenharia Bioquímica", ilustra.