A CGTP-In recusou hoje um cenário de crise política com o Orçamento de Estado para 2018 mas avisou o Governo que "serão os trabalhadores a ter a última palavra" se as suas reivindicações não forem atendidas..A posição foi expressa por Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, após um encontro de uma hora e meia com a direção da bancada do PCP, na Assembleia da República, em Lisboa, que serviu para apresentar as suas propostas para o Orçamento do Estado de 2018..Arménio Carlos recusou-se a elaborar cenários de "chumbo" do orçamento se persistir o impasse nas negociações do Governo quanto ao descongelamento das carreiras na função pública, embora admitindo a justiça de uma greve dos funcionários públicos, e garantiu que não quer o regresso da direita (PSD/CDS-PP) ao poder.."Pela nossa parte não queremos voltar ao passado. Há saudosistas que, estando no governo anterior, estão ansiosos por voltar ao poder, mas esses connosco não contam", assegurou..Num momento em que o Governo minoritário do PS está a negociar o Orçamento com os partidos à esquerda, o dirigente sindical da CGTP afirmou que o executivo tem a "dupla responsabilidade" de "corresponder às expectativas criadas" e "melhorar as condições de vida e trabalho dos portugueses"..Para a CGTP, é tudo uma questão de vontade e de opções, entre ter dinheiro, por exemplo, para as Parcerias Público-Privadas e dar resposta às reivindicações dos sindicatos, por exemplo.."Se o Governo estiver disponível, cá estaremos para encontrar soluções. Se não estiver, serão os trabalhadores a ter a última palavra. Uma coisa é certa: o Governo, se quiser, pode resolver os problemas", afirmou Arménio Carlos após a reunião com o líder parlamentar comunista, João Oliveira, e a deputada Rita Rato..Arménio Carlos prometeu esperar pelo "conteúdo concreto" do Orçamento e continuar "a influenciar o Governo e os grupos parlamentares" para as propostas da central sindical..Essas propostas passam por uma valorização dos salários dos trabalhadores e pela resposta, dos serviços públicos, às necessidades das populações num orçamento que deve liberta-se da "prisão" da "ditadura do défice" e do tratado orçamental..Nos salários, afirmou, o "Estado deve dar o exemplo" e fazer uma "evolução dos salários", com o descongelamento das carreiras na função pública..Depois, lembrou que os aumentos salariais têm retorno na economia e disse serem necessárias medidas de combate à precariedade no emprego..O dinheiro é, para Arménio Carlos, uma questão de opção do Governo do PS, que tem tido o apoio da esquerda, PCP, BE e PEV.."Não haverá dinheiro para responder as estas necessidades dos trabalhadores que custam incomparavelmente muito menos do que estamos a gastar nas PPP? Há. É uma questão de opção", concluiu..O secretário-geral da CGTP deixou ainda outro aviso ao executivo ao dizer que é precisar dar resposta "finalmente às expectativas legitimamente criadas por de quem votou, em outubro de 2015, contra a política do passado e exigiu uma mudança".