Novo diretor nacional está fora do SEF há quase 10 anos
O novo diretor do SEF, Carlos Alberto Matos Moreira, está destacado em Bruxelas desde fevereiro de 2008, como oficial de ligação na Representação Permanente de Portugal (REPER) e este afastamento prolongado será a única fragilidade que lhe é apontada para assumir a liderança daquela polícia, depois da demissão da Diretora Nacional, Luísa Maia Gonçalves.
Carlos Moreira é um "homem da casa", do primeiro curso de inspetores, conhecido e respeitado pelos colegas mais antigos. É conhecida a sua proximidade com a ministra da Administração Interna, com quem chegou a trabalhar na REPER. Constança Urbano de Sousa foi, entre 2006 e 2012, coordenadora do Núcleo Justiça e Assuntos Internos.
Ex-colegas de curso, que pediram anonimato, disseram ao DN que Moreira é um homem "cordato e discreto", mas receiam que o facto de ter estado quase 10 anos foram do serviço lhe possa criar algumas dificuldades, principalmente tendo em conta as polémicas que têm atingido o SEF. O presidente do Sindicato da Carreira de Inspeção e Fiscalização, Acácio Pereira, valoriza o facto de a ministra ter escolhido alguém da "casa" e espera que "tenha capacidade e peso suficientes para politicamente mostrar à tutela as necessidades de pessoal e de material". "Espero que consiga motivar o pessoal e recuperar a imagem do serviço. Terá toda a nossa lealdade, mas seremos intransigentes nos valores e princípios de defesa da segurança nacional", salienta.
Carlos Moreira assumirá uma direção depois da rutura com a ministra da Administração Interna, não só da parte da ex-diretora, como dos seus adjuntos, Joaquim Pedro Oliveira e António Carlos Patrício. Fontes próximas destes dois inspetores superiores revelaram ao DN que, apesar de terem aceite assumirem interinamente o comando do SEF, até à tomada de posse da nova equipa, ambos vinham apresentando "divergências profundas" com Constança Urbano de Sousa. Joaquim Pedro Oliveira e António Carlos Patrício tinham competências delegadas em áreas como a investigação, o controlo de fronteiras e a fiscalização, algumas das matérias que a ministra já tinha assumido publicamente querer esvaziar no SEF.
Luísa Maia Gonçalves pediu a sua demissão na passada quarta-feira, numa reunião que, segundo o ministério da Administração Interna, tinha sido marcada para a exonerar.