"Não há dinheiro para nada", ouviu Nóvoa. Que espera que venha aí um "bom Orçamento"

Sampaio da Nóvoa ouviu lamentos de pescadores na Afurada e passeou pela infância na Póvoa de Varzim
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Entre os lamentos dos pescadores da Afurada, o Douro ali entrar no mar, e a Rua da Junqueira, na Póvoa de Varzim, onde o comércio pouco anima à míngua de clientes, Sampaio da Nóvoa passou a manhã desta sexta-feira na região do Porto (e por onde andará o dia todo) para voltar a defender a necessidade de ouvir as pessoas. E de fazer-se ouvir lá fora, na Europa.

Referindo-se a um eventual procedimento da União Europeia por causa do défice excessivo, que o ministro das Finanças, Mário Centeno, veio admitir depois da resolução do Banif, Sampaio da Nóvoa disse esperar "que seja possível nas negociações em Bruxelas" encontrar "as melhores soluções para o Orçamento" do Estado, que o Governo prometeu levar na próxima semana à Comissão Europeia.

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No caso do Banif, o candidato presidencial voltou a dizer que Portugal está "a sofrer ainda as consequências do que foi o atraso da resolução do problema pelo anterior governo", repetindo depois que "a tão celebrada saída limpa deixou algumas pontas sujas e o Banif foi uma dessas pontas".

Sobre a proposta orçamental, falando aos jornalistas na Afurada (Gaia), Nóvoa não se pronunciou para já. "Falarei sobre o Orçamento quando houver Orçamento, nessa altura estudarei e analisarei e pronunciar-me-ei", justificou-se. Mas formulou um desejo, ao afirmar que espera que a proposta governamental seja "de confiança" e que "seja possível organizar um bom orçamento".

Na Afurada foi o que lhe pediram pescadores e peixeiras. "Se os pescadores não vão ao mar, para tudo. Não há dinheiro para cafés, cabeleireiros", atirou Maria dos Anjos Silva, peixeira, que tenta vender petingas (a três euros o quarteirão), carapaus e fanecas, em frente a um cabeleireiro e ao lado de um café. Sardinha nem vê-la, desde agosto. "A ministra cortou-nos as quotas", disse, não parando de criticar Assunção Cristas, a ex-governante com a tutela das pescas. Há homens que não vão ao mar desde setembro.

Na Póvoa de Varzim, segunda etapa do dia, Nóvoa estava em casa. O pai, Alberto, 88 anos, poveiro de nascimento, veio ao seu encontro na Praça do Almada para acompanhar o percurso a pé para contactos com populares pela tradicional Rua da Junqueira. António abraça o pai, trata-o por tu. Alberto disse do filho que este vai "dedicar todos os minutos" a servir o país.

São mais os apoiantes que os transeuntes, ouvem-se as primeiras palavras de ordem mais ensaiadas em ações de rua: "A Póvoa vai votar e o Nóvoa vai ganhar" ou "Com esta gente, Sampaio a presidente". Há um comércio que chama pelos poucos clientes, mas há quem queira cumprimentar Nóvoa e se lembre dele, da sua infância. "Era bom rapaz, mas um bocadinho maroto", sorriu uma senhora, quando o candidato se tinha definido como "bem comportado".

O percurso passou pela sede da candidatura, onde lhe ofereceram uma camisola poveira com o nome inscrito, e desembocou na praia, num café onde Sampaio da Nóvoa ia muitas vezes em pequeno. "Quando era pequenino passava aqui muitas horas", cumprimentou o candidato. "Senhor presidente, esteja à vontade", respondeu-lhe Manuel José Trocado, empregado do Guarda-Sol. É um chapéu que Sampaio da Nóvoa espera que lhe assente bem, pelo menos, a 14 de fevereiro, na segunda volta.

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