Suspensos todos os cursos de Comandos
O ministro da Defesa anunciou, em declarações à RTP 3, a suspensão de todos os cursos de comandos até ao fim do inquérito sobre a morte de um militar, registada no domingo.
"Estão suspensos todos os cursos de comandos até ao fim do inquérito técnico às condições" em que se realizam estes cursos, afirmou Azeredo Lopes.
"Em articulação com chefe do Estado-Maior do Exército acabei há minutos de ser informado que foi determinado um inquérito técnico especial sobre a formação e treino dos comandos e que além disso, até que esse inquérito específico sobre o modo como são treinados e formados comandos, estão suspensos os cursos de comandos", explicou o ministro.
O porta-voz do Exército adiantou ao DN que só estão suspensos os "próximos cursos". Por decisão do chefe do Estado-Maior do Exército o curso que está a decorrer - o 127ª Curso de Comandos ministrado a 3 oficiais, 7 sargentos e 57 soldados - não será suspenso.
A decisão da suspensão foi tomada pelo General Rovisco Duarte, chefe do Estado-Maior do Exército, e posteriormente comunicada ao Ministro da Defesa.
Azeredo Lopes diz que "isto não resulta, por ora, na extinção do curso de comandos, mas resulta numa paragem, numa suspensão até se conhecer exatamente aquilo que não propriamente aconteceu no dia que determinou esta morte e estas pessoas feridas [morreu um militar e outros dez foram hospitalizados) , mas sobre as condições gerais em que está a ser feito o treino e a formação dos comandos".
Os Comandos do Exército são uma força especial que voltou ao ativo em 2002, após ter sido em extinta em 1993.
Mesmo aceitando que as forças especiais como os Comandos envolvam treinos mais intensos, o ministro entende que deve acompanhar o caso, segundo disse à agência Lusa. Em Londres, onde está para participar numa reunião, Azeredo Lopes já tinha dito estar a acompanhar "com muita preocupação" os incidentes registados durante os treinos do curso de Comandos, que registou a morte no domingo e o internamento hospitalar durante a semana de pelo menos mais quatro militares.
Além do inquérito instaurado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, a Procuradoria-Geral da República também abriu uma investigação.
Após ser noticiada a morte do militar, o Exército esclareceu que os treinos iam continuar, embora adaptados ao tempo quente.
Os incidentes ocorreram ambos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, embora em locais diferentes, sendo que o incidente do militar que veio a falecer ocorreu pelas 15:40. De acordo com uma primeira nota do Exército português, o militar falecido, que frequentava o 127.º curso de Comandos, sentiu-se "indisposto durante uma prova de tiro" tendo sido de imediato assistido pelo médico que acompanhava a instrução, que lhe diagnosticou "um golpe de calor".
Há ainda cinco militares internados. Segundo informação do Exército, "o Soldado Dylan Araújo da Silva, mantém-se internado no Hospital Curry Cabral. Apesar da melhoria progressiva do ponto de vista global, mantém comprometimento da função hepática, sem aparente compromisso neurológico". "Encontra-se em lista de espera para eventual processo de transplante hepático", indicou o porta-voz, Vicente Pereira.
No Hospital das Forças Armadas mantêm-se internados três militares: "dois no Serviço de Medicina que aguardam alta clínica, com indicação para convalescer na unidade e um terceiro na Unidade de Tratamentos Intensivos que se mantém estável, sem agravamento clínico e analítico".
O quinto militar "que se encontra no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, aguarda transferência para o Hospital das Forças Armadas; mantém-se estável sem agravamento clínico e analítico".
"Nas últimas 24 horas nenhum militar do 127º Curso de Comandos recorreu ou necessitou de apoio hospitalar", adianta o comunicado.
Com Lusa