"Ministério deve mudar de perspetiva"
Este ano o regime de mobilidade especial para o Algarve cativou apenas quatro médicos. Como vê a situação?
Se é o mesmo regime do ano passado, não vão a lado nenhum. As condições que o governo continua a criar - condições de trabalho em geral - para reforçar o Algarve não são atrativas. Fazer que médicos se desloquem para a região nas suas férias ou em período de trabalho normal, desde que sejam dispensados, é difícil porque todos os hospitais têm de assegurar as suas escalas. O ministério tem de mudar de perspetiva ou vai continuar a ter dificuldade em resolver o problema das zonas carenciadas. Implica ter uma política de incentivos e trabalho diferente para estas áreas.
O que é preciso mudar?
O hospital de Faro está ultrapassado. É preciso um hospital novo, equipá-lo bem, apostar em pessoas que queiram criar novos serviços.
O novo modelo com uma ligação mais estreita com a universidade pode ajudar?
Pode ser uma mais-valia. Criar um centro académico é mais importante para o Algarve do que para Lisboa e Porto. Pode ser um atrativo.
O concurso para a colocação de novos especialistas nos hospitais também está atrasado. A Ordem já questionou o ministério?
Não só já pressionámos como no último concurso para consultores a Ordem indicou uma parte do júri em tempo recorde. E o Estado ainda não abriu as vagas. Porque não se abre? Não sei se o Ministério das Finanças não deixa ou se é porque assim só começa a gastar mais dinheiro daqui a seis meses. É estranho que os concursos não sejam abertos mais rapidamente, quer para assistentes como para consultores e assistentes graduados.
Para as zonas carenciadas é mais um problema.
A situação agrava-se em todo o país. O Estado abre vagas onde são necessárias. Se as pessoas não entram, os serviços não evoluem. Isto tem também implicação na formação e nas zonas carenciadas, a situação torna-se mais crítica.