Classe média e classe média-baixa são os principais alvos do "alívio fiscal" que o governo vai introduzir no próximo Orçamento do Estado (OE) para o ano de 2018. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos - que coordena as negociações com o PCP e o BE -, garantiu em entrevista à agência Lusa que a redução dos impostos beneficiará cerca de 1, 6 milhões de agregados familiares. Este valor surgiu depois de uma correção do governo ao final da noite, já que a primeira versão da entrevista, divulgada cerca das nove da noite, avançava com um total de 3,6 milhões de famílias beneficiadas..Nesta entrevista à agência Lusa, a propósito das negociações com bloquistas e comunistas, o responsável não quis, porém, adiantar pormenores sobre a medida, "do ponto de vista técnico e concreto", justificando que o governo ainda estava a trabalhar a matéria. "O Orçamento do Estado terá de ser entregue até meados de outubro. Nós estamos num processo de trabalho dentro do governo e com os nossos parceiros. Teremos de ter alguma paciência porque há um trabalho apurado que está a ser feito", afiançou..A intenção do governo é, segundo Pedro Nuno Santos, que "esta alteração chegue a muita gente, nomeadamente àqueles que foram mais sobrecarregados, a classe média e a classe média-baixa". De acordo ainda com este alto responsável "haverá um alívio fiscal para os trabalhadores e estamos a falar de 1,6 milhões de agregados que serão beneficiados". Assinalou que a execução desta medida "tem de ser feita com a necessária responsabilidade que proteja e defenda o próprio Orçamento e a medida"..Na rentrée socialista, realizada em Faro no passado domingo, o primeiro-ministro tinha já assegurado que o OE 2018 iria "continuar a aumentar o rendimento das famílias" e que era com esse objetivo que iria ser melhorada "a progressividade do IRS, aumentando os escalões para quem ganha menos"..A vinda a público das declarações de Pedro Nuno Santos aconteceu poucas horas depois de a coordenadora do BE, Catarina Martins, ter feito declarações sobre as propostas do seu partido. A progressividade fiscal era uma delas. "Para o Bloco de Esquerda é essencial criar-se mais escalões de IRS e assim aliviar quem está neste momento a pagar uma fatura pesada de mais, recuperando rendimento do trabalho, de salários e pensões e, ao mesmo tempo, também repondo alguma justiça fiscal num país que é muito desigual e tem injustiças a mais", frisou, à margem de uma visita ao bairro da Cova da Moura, Amadora..A dirigente bloquista exigiu "medidas significativas, porque se forem meramente simbólicas quer dizer que não há, de facto, reposição de rendimentos do trabalho, salários e pensões". Lançou ainda a ideia de "soluções do ponto de vista de receita fiscal" sobre o "rendimento do capital" e não "sobre o rendimento do trabalho" e que "podem ser utilizadas para permitir este alívio dos salários e das pensões". Catarina Martins lembrou que "os rendimentos muito altos pagam poucos impostos". Com Lusa