Mediação. Marcelo diz que "os amigos são para as ocasiões"
"Só as circunstâncias dirão em concreto que tipo de ajuda e em que momento é que é necessário exercitá-la", sublinhou o Presidente da República
O assunto foi incontornável na conversa entre os Presidentes de Portugal e Moçambique. A situação económica difícil em que o país se encontra e o clima de tensão política e militar entre a FRELIMO, partido no poder, e a RENAMO mereceu por parte de Filipe Nyusi uma reflexão particular na conferência de imprensa conjunta após os encontros no Palácio presidencial. O chefe de Estado moçambicano não poupou a RENAMO acusando-a de ser responsável pela atual situação de instabilidade no centro do país, responsabilizando o partido de Afonso Dhlakama de ser culpado de diversas mortes por ressentimento pela derrota nas últimas eleições em Moçambique.
Filipe Nyusi não hesitou em dizer que os moçambicanos "sabem que os portugueses estão disponíveis para dar todo o apoio quando Moçambique precisar". E, na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa foi inequívoco: "Os amigos são para as ocasiões. Significa que tanto Portugal, como o Presidente português ou qualquer cidadão português, todos podem ajudar em vários momentos conforme as circunstâncias".
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A questão que agora se coloca é a de saber qual o tipo de ajuda de que se está a falar. Se no plano da influência junto das instituições internacionais para ajudar ao regresso da confiança na economia moçambicana ou se é para ir mais longe até à mediação do conflito entre a FRELIMO e a RENAMO. "Os amigos devem estar sempre disponíveis para ajudar os seus amigos, e só as circunstâncias dirão em concreto que tipo de ajuda e em que momento é que é necessário exercitá-la", sublinha o Presidente da República. Mas, de Filipe Nyusi, Marcelo ouviu uma garantia que é quase uma promessa de que, no que depender do Presidente moçambicano, o país não voltará à guerra civil. "Que tipo de apoio [à mediação]? Naturalmente não é apoio para ir matar pessoas, não é isso. E nem sequer vamos chegar a esse extremo".
Marcelo e o Acordo Ortográfico
A revisão do Acordo Ortográfico, pelo menos oficialmente, ficou de fora da agenda do encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Filipe Nyusi. O Presidente da República classificou como "prematuro" o equacionar da reabertura deste dossiê uma vez que, a reavaliação do acordo, "está pendente de uma deliberação da Assembleia da República moçambicana". O mesmo se passa, aliás, em relação a Angola. É sabido que Marcelo não morre de amores pelo nova forma de escrever português, mas "é prematuro falar do reequacionar da matéria no quadro português sem estes novos dados".