Marcelo sobre CGD: "Acha-me com cara de preocupado?"

O Presidente da República resiste a comentar a polémica em torno da administração da CGD. Mas a caminho de Cuba, Marcelo já não resiste à ironia
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É o eterno cliché dos presidentes e primeiros-ministros. Fora do país não se fala de política nacional. É claro que as exceções já quase se tornaram regra, mas é tudo uma questão de oportunidade. Quando dá jeito, não se fala de política nacional. Marcelo Rebelo de Sousa conhece bem as regras e, por que não usá-las? A caminho de Cuba o Presidente da República sabe que à espreita estará a pergunta sobre a administração da Caixa Geral de Depósitos. Quando ela surgiu, a resposta foi lapidar: "fora do território português não comento a política portuguesa".

A verdade é que, dentro do território português, Marcelo Rebelo de Sousa também não quis comentar este assunto. Teve oportunidade para o fazer, antes mesmo de embarcar para a Havana, e recusou. O tema queima e, dificilmente Marcelo não sai escarduçado. O Presidente promulgou as alterações à lei que permitiram a António Domingues assumir a presidência da Caixa Geral de Depósitos, com um ordenado superior a 400 mil euros por ano, 30 mil euros por mês. É verdade que Marcelo deixou reservas a este nível de salários e defendeu remunerações mais assentes no cumprimento de objetivos. Mas também é verdade que a lei que o Presidente da República promulgou continha uma exceção ao estatuto do gestor público. Marques Mendes levantou a questão no comentário semanal deste domingo, na SIC. António Costa permitiu que o novo presidente da CGD, bem como toda a equipa que o acompanha, não estejam obrigados a apresentar a declaração de rendimentos e património, tal como qualquer outro gestor público. Quem é que promulgou a lei? Marcelo Rebelo de Sousa.

Ouça a reportagem de Anselmo Crespo para a TSF

Confrontado pelos jornalistas no avião a caminho da Havana, Marcelo recusou sempre falar do assunto. Mas perante a insistência, sobre se estava ou não preocupado com a dimensão que a polémica estava a assumir, o Presidente da República largou um "acha-me com cara de preocupado?" De facto, não parece. Ou então disfarça bem. Marcelo Rebelo de Sousa não tira o sorriso da cara, como quem compreende muito bem o papel dos jornalistas. E enquanto o Presidente estiver pela América Latina, o assunto da Caixa Geral de Depósitos fica a arder em lume brando entre os partidos políticos.

* Enviado especial DN/TSF

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