Marcelo: auditoria às contas não visa atingir ninguém
Presidente diz que se trata de "prevenção para o futuro"
Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se esta terça-feira a comentar os resultados da auditoria que mandou fazer às contas da Presidência da República, argumentando que se trata de "prevenção para o futuro".
Considerando "importante estar atento" às despesas num período de crise e contenção orçamental como o que Portugal vive, o Chefe do Estado disse que a auditoria não visa atingir ninguém.
Questionado sobre os problemas e inconsistências já detetados nas contas da Secretaria Geral da Presidência, noticiadas pelo DN, Marcelo respondeu: "Não tenho mais nada" a dizer.
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O Presidente da República falava aos jornalistas no final da visita ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa disse também esperar que o plano de reestruturação da CGD "mereça o consenso nacional", por estar em causa "uma instituição que todos acham que deve continuar" a ser "portuguesa, pública e forte".
"Vamos ver como é lançado e executado esse plano", adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Chefe do Estado mostrou-se depois otimista, embora de forma moderada, quanto ao resultado do referendo sobre a permanência ou saída do Reino Unido na UE, para a qual "é muito importante" a continuação de Londres.
"Seria mau para todos" se o Reino Unido deixar a União, frisou Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, caso os britânicos decidam sair, o Presidente observou que essa "é a oportunidade" para a UE "dar um sinal de vitalidade".
"Em vez de ficar complexada", a UE "deve aprofundar" a união entre os seus membros aos mais diferentes níveis (político, económico, digital, bancário) e "estar mais próxima dos cidadãos", argumentou Marcelo.
Análise exaustiva às despesas
Marcelo Rebelo de Sousa quer gastar menos do que Cavaco Silva no exercício das suas funções e ordenou uma análise exaustiva a todas as despesas de Belém com o fim de verificar as áreas onde se pode fazer poupanças, se o dinheiro é sempre bem gerido e se não há abusos e procedimentos irregulares na compra de bens e serviços. O DN sabe que no decurso desta auditoria interna já terão sido detetados alguns problemas e inconsistências.
A auditoria foi confirmada ao DN por fonte oficial da Presidência. "Não se trata de querer corrigir nada em relação ao que vem de trás, mas simplesmente reduzir a despesa de forma criteriosa, reduzindo os gastos ao essencial, tendo em conta a atual situação do país", sublinhou.
A secretaria-geral é o alvo principal desta operação interna - a ideia de lançar esta fiscalização provocou algum nervosismo, designadamente no atual secretário-geral. Esta estrutura é responsável por assegurar o funcionamento dos serviços administrativos, por toda a gestão de pessoal e pelo orçamento. Tem um grau de autonomia elevado e nem todos os procedimentos serão os mais adequados. A auditoria interna está a abrir todos os dossiês e o relatório será detalhado, permitindo apurar erros e responsabilidades.
Com Paula Sá e Valentina Marcelino