Juiz, PGR, Marcelo, Cavaco: os alvos das críticas de José Sócrates
O juiz Carlos Alexandre, a procuradora-geral da República, o ex-presidente da República e até o atual presidente. Nenhum escapa às críticas de José Sócrates na entrevista dada esta manhã à TSF, a primeira após as declarações de instrução na SIC e do adiamento do prazo do inquérito da Operação Marquês por 180 dias.
José Sócrates, que já esta semana apresentara um pedido de recusa do juiz Carlos Alexandre, na sequência da entrevista deste à SIC, considerou hoje que este fez uma "insinuação torpe e covarde" a seu respeito, ao afirmar que não tinha dinheiro em contas de amigos.
"Foi uma insinuação covarde e torpe que o sr. juiz fez a meu respeito", argumentou, considerando que Carlos Alexandre pretendeu insinuar que o dinheiro da conta do seu amigo Carlos Santos Silva é seu.
Para Sócrates, trata-se de uma "insinuação gravíssima", além de "absurda e estapafúrdia", a ideia de que o dinheiro de Santos Silva é seu. "Isso é falso e injusto. Se alguma coisa está provada no processo, é que essa acusação é falsa", salientou.
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Segundo Sócrates, o juiz "faltou e falhou aos seus deveres" ao fazer uma insinuação que pretendeu fazer um juízo de culpabilidade". "Fê-lo sem haver acusação, sem haver julgamento, abusou do seu poder, ultrapassou todas as fronteiras", argumentou.
A procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que esta semana informou que concedeu mais seis meses para a "realização de todas as diligências de investigação consideradas imprescindíveis" na Operação Marquês, "agiu de forma cínica", defendeu o ex-primeiro-ministro.
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Para Sócrates, a decisão da PGR constitui uma violação da lei e um abuso de poder. O antigo governante acusou Joana Marques Vidal de cinismo quando anuncia que o processo vai ser acelerado.
Cavaco Silva, que já era um dos alvos das críticas de Sócrates, voltou a sê-lo nesta entrevista à TSF. O antigo primeiro-ministro defendeu que o ex-presidente da República "organizou, planeou uma inventona contra um governo com vista a prejudicá-lo e a deitá-lo abaixo a poucos meses das eleições". Isto a propósito do caso das escutas e do livro "Na Sombra da Presidência", que o antigo assessor Fernando Lima acaba de lançar.
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Marcelo Rebelo de Sousa também é criticado por Sócrates, que defendeu que o atual presidente deu um sinal político de apoio ao departamento responsável pela investigação da Operação Marquês, ao visitar a instituição.
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"Ao visitar o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) uma semana antes daquilo que - já se estava mesmo a ver que era mais um adiamento (do prazo para a conclusão do inquérito da Operação Marquês) o Presidente da República decidiu tomar parte", afirmou Sócrates na entrevista à TSF.
"Fez um sinal político que não me escapou. De quem entre aqueles que abusam do poder -- como é o caso do Ministério Público -- o Presidente da República decidiu assim, do ponto de vista simbólico, visitar o DCIAP para sinalizar que está do lado de uma instituição contra o indivíduo", sustentou o ex-primeiro-ministro socialista.