Já se sentiu um aroma da máquina laranja na pré-campanha de Marcelo

O professor entregou no Tribunal Constitucional 60 caixas com as 15 mil assinaturas dos seus apoiantes, para formalizar a sua participação na corrida a Belém. Bateu Sampaio da Nóvoa (13 mil) e Maria de Belém (9 mil)
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Virgínia Estorninho e Tiago Sá Carneiro. Dois nomes bem conhecidos da máquina laranja que mostraram trabalho e marcaram ontem presença no Tribunal Constitucional, quando Marcelo Rebelo de Sousa entregou as 15 mil assinaturas (o dobro do legalmente exigido) para formalizar a sua candidatura à Presidência da República. Virgínia Estorninho é uma histórica do PSD, militante desde 1974, autarca (presidiu a uma junta de freguesia de Lisboa, trata por "tu" os líderes do partido e não é de meias palavras nas críticas aos seis dirigentes. Francisco Sá Carneiro foi o seu inspirador e foi com ele que começou a trabalhar na máquina laranja.

Com Marcelo, conforme a própria explicou ao DN, a sua primeira missão na campanha foi coordenar a recolha nacional de assinaturas. O resultado foi "um sucesso", sublinha, com o professor a entregar mais assinaturas no palácio Ratton que os seus mais diretos adversários, Sampaio da Nóvoa (13 mil) e Maria de Belém (9 mil). "Ainda tenho mais de 500 lá em casa que não tive tempo para tratar. E ainda continuam sempre a chegar na correspondência", afirmou a militante, referindo que "foi muito fácil" recolher estas assinaturas "por todo o país". Mais de meia centena de voluntários, "principalmente mulheres" fizeram o trabalho.

No último congresso do PSD, no ano passado, Virgínia Estorninho teve uma intervenção bastante polémica, em linha com a sua habitual frontalidade. Nem Passos Coelho nem Durão Barroso escaparam às suas críticas. "Isto é inadmissível!", indignou-se, referindo-se aos cortes nas remunerações da função pública e às devoluções a que os trabalhadores dos transportes tinham sido obrigados.

"O país pode estar em crise, mas não vale a pena tudo para o tirar de lá", salientou, enfrentando o então primeiro-ministro, a quem deixou um sábio conselho: "É tempo de humanizares um pouco as tuas medidas sob pena de não resistires" à contestação. Durão Barroso, na altura ainda presidente da Comissão Europeia, foi outro alvo de Estorninho. "O país estava de tanga mas foi ele (Durão Barroso) que não quis resolver esse traje e fugiu entalando Santana Lopes e lixou-nos a todos", disse a social-democrata recordando o que se passou há dez anos.

Tiago Sá Carneiro, sobrinho-neto do ex-líder do PPD, é um nome mais recente do aparelho social-democrata. O ex-jotinha esteve na equipa de campanha da coligação Portugal à Frente, nas últimas eleições legislativas e faz parte da atual estrutura partidária que apoia o secretário-geral Matos Rosa. Na campanha de 2011 foi o responsável pela "Volta Nacional" da JSD.

"Feliz" pelo consenso de regime

Em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, Tiago Sá Carneiro garantiu ao DN que "não há nenhuma ligação formal, apenas quando necessário" e que, por agora a sua colaboração se tinha limitado a "coordenar um grupo de voluntários que recolheu assinaturas de apoio à candidatura, na região de Lisboa".

Além de Estorninho e de Sá Carneiro, outro nome do aparelho social-democrata é dado como certo como diretor de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa e já referido como tal por alguns elementos da equipa no terreno. Trata-se do ex-líder da JSD, Pedro Duarte, mas a sua entrada ainda não é oficialmente confirmada pela porta-voz do professor.

Como tem sido habitual nas suas intervenções no âmbito da pré-campanha, Marcelo não perdeu a oportunidade de comentar a atual situação política e a recente tensão vivida no parlamento, com a viabilização, pelo PSD, do orçamento retificativo do governo PS, na sequência do caso Banif. "Estou feliz por ter sido possível encontrar um consenso de regime permitindo passar o Orçamento Retificativo. Ontem (terça-feira) disse que se já fosse Presidente da República faria tudo para que fosse votado porque era preciso resolver o problema do Banif", afirmou. Sem referir-se ao PSD, Marcelo sublinhou a importância de se ter colocado "o interesse do país em primeiro lugar. Foi bom, foi um bom final de 2015 e um bom augúrio para 2016".

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