"Uma princesa não fuma" é misoginia?

A direção-geral da Saúde apresentou, esta quarta-feira, a nova campanha da Luta Contra o Tabagismo. E já nasceu uma polémica
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Uma curta-metragem para sensibilizar as mulheres a deixarem de fumar foi lançada esta quarta-feira pela direção-geral da Saúde.

"Opte por Amar Mais" é o título do filme que dura pouco mais de 16 minutos e que tem como protagonista a atriz Paula Neves, que faz o papel de uma mulher com cancro do pulmão em estado terminal, que está preocupada que a filha também venha a ter o vício do tabaco.

A frase mais forte desta curta-metragem dramática e até chocante é quando a mulher doente se dirige à filha e diz: "Promete-me que vais ser sempre a minha princesa. E lembra-te, uma princesa não fuma".

Esta campanha surge quatro anos depois de um estudo ter revelado que o número de mulheres fumadoras tem aumentado, ao contrário do que acontece nos homens. O objetivo do Ministério da Saúde é mesmo "travar o aumento do consumo do tabaco nas mulheres", conforme é referido em comunicado.

Um em cada cinco portugueses fuma e o consumo entre as mulheres continua a crescer. A cada 50 minutos morre um português por doenças associadas ao tabaco.

Refira-se que esta campanha já foi elogiada pela Organização Mundial de Saúde, nomeadamente pela diretora do programa de controlo de tabaco, Kristina Mauer Stander, que considerou o filme "comovente" e que representa uma campanha "impactante e inovadora" no combate ao tabagismo.

A curta-metragem "Opte Por Amar Mais" foi realizada por André Badalo, produzida pela Original Features e será exibida na televisão no último trimestre deste ano.

A deputada socialista Isabel Moreira classificou a nova campanha antitabágica do Ministério da Saúde de "misógina e culpabilizante das mulheres", defendendo que a tutela deve retirar o vídeo.

A diretora-geral da Saúde Graça Freitas responde às críticas a diz que as mulheres jovens são o público-alvo porque "é nesta parte da população que o consumo de tabaco está a aumentar, em vez de diminuir"

Segundo Graça Freitas, a campanha tem um enquadramento epidemiológico que são as mulheres adolescentes, porque são as que estão a fumar mais.

Relativamente ao slogan "opte por amar mais", a diretora-geral da Saúde esclareceu que se refere ao bem-estar, ao amor à vida e não a terceiros.

"Queremos, desejamos que o consumo do tabaco se reduza", adiantou, optando por esperar pela forma como a campanha vai evoluir.

Segundo Graça Freitas, se se verificar que é útil alguma alteração, esta será feita.

Segundo o Ministério da Saúde, o consumo de tabaco é responsável por 10,6% das mortes em Portugal, o que significa que o tabaco mata um português a cada 50 minutos e que as mulheres estão a adoecer e a morrer mais por doenças associadas ao tabaco.

"O relatório das doenças oncológicas, publicado em 2017, destacou o aumento de 15% da mortalidade no sexo feminino, entre 2014 e 2015, por tumores malignos de traqueia, brônquios e pulmão.

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