Olhando para os dados sobre as camas para doentes agudos, que apesar de terem aumentado desde o início da legislatura ainda estão abaixo do número de 2010, e de dias de internamentos, que atingiram o máximo da década no ano passado, podemos dizer que o principal objetivo deste novo sistema de monitorização é libertar meios dos hospitais para os casos mais urgentes?. É muito mais global do que isso, implica todo um conjunto de variáveis que queremos avaliar para conduzir a uma gestão mais eficiente. Essa é uma das variáveis, sabendo-se que temos uma população mais envelhecida, com mais doenças crónicas, em que é preciso perceber porque temos mais internamentos. Com este processo podemos ter um a comparação mais fina entre serviços, até agora o que acontecia era cada unidade agregar os seus dados e a ACSS fazia a sua análise. Agora poderemos comparar situações dos serviços de hospitais do mesmo grupo, dos diagnósticos das complicações e até de problemas adquiridos nos próprios serviços. Vamos perceber porque esses hospitais têm respostas diferentes e poder ir ao encontro de medidas que podem melhorar os serviços. Este sistema vai ajudar a premiar quem melhor trata?. Este processo vai permitir trabalhar de maneira mais célere com os centros de saúde, porque temos de ter uma visão transversal a todos os cuidados de saúde. Imaginemos dois centros de saúde da cidade de Lisboa, podemos perceber porque vão os utentes de um deles mais às urgências hospitalares e de outro não, ou porque há a agudização de doenças crónicas como a diabetes. O ideal é que o doente seja sempre acompanhado pelo seu médico de família, mas quando vai ao hospital temos de perceber como é tratado. Por exemplo, no Hospital S. Francisco Xavier acompanhei um projeto, enquanto presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, com o ACES Oeiras onde eram identificados os grandes utilizadores de urgências, que iam às urgências hospitalares mais de quatro vezes por ano, e era feito um acompanhamento desses casos. Portanto, preferimos olhar para este instrumento como uma forma de melhoria do sistema e não para premiar este ou aquele serviço, até porque isso já acontece com a contratualização feita com os serviços. Alguns médicos dos maiores hospitais do país criticaram recentemente a pressão que a lei da liberdade de escolha vai colocar sobre os serviços. Com a publicação de mais este indicador, que é importante para a decisão dos utentes, essa pressão não pode vir a ser ainda maior?. A maior parte dos hospitais já tratam bem, os doentes já sabem onde querem ir para serem tratados. Os hospitais não podem estar fechados, têm de se organizar de forma moderna para receber quem os procura, como costumo dizer, não em ouriço, mas em girassol.