Anália Torres, professora que assina o estudo sobre "Igualdade de género ao longo da vida: Portugal no contexto europeu", juntamente com sete investigadores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, revela que as mulheres portuguesas, à semelhança das europeias, ganham menos do que os homens quando comparados os salários nas mesmas profissões.."Falamos de um fosso salarial de 17 por cento, em todas as profissões, em Portugal e em todos os países da Europa. Em Portugal a diferença chega aos 600, 700 euros. É brutal", disse a investigadora em entrevista à TSF.."As mulheres têm mais escolaridade média do que os homens e isso não se reflete no salário logo na juventude [quando iniciam a carreira]. Se as pessoas têm mais escolaridade deviam ter empregos mais qualificados, logo, deviam ganhar mais. Isso não acontece", disse, adiantando: "Comparamo-nos só com a Europa do Leste, porque realmente temos salários muito baixos.".O estudo tem mais de 400 páginas e compara Portugal com o resto da Europa, entre 2000-2016. É dividido em três fases da vida: até aos 29 anos; entre os 30 e os 49 anos de idade, altura em que homens e mulheres se dividem entre trabalho casa e filhos, por isso chamada "rush hour of life"; e, por último, entre os 50 e os 65 anos.É na "rush hour of life" que as desigualdades começam a sentir-se. Entre os 30 e os 49 anos, as mulheres ganham em média 10,3 euros/hora e os homens 11,4 euros. Chegados aos 60 anos, o problema agudiza-se: as trabalhadoras ganham em média 8,93 euros/hora contra 12,88/hora auferidos pelos homens..Anália Torres explica que as mulheres vão sempre sofrer do estigma de serem "donas de casa" e "mães de família", enquanto os homens são vistos como "a mão-de-obra disponível"..Assim, não causa surpresa que no tempo dedicado às tarefas domésticas, as mulheres batam os homens: elas dedicam em média 32 horas por semana à casa e à família e eles apenas 17 horas.