A guerra colonial terminou há mais de quatro décadas, mas em Portugal continuam a inaugurar-se monumentos de homenagem aos militares mortos e já rondam os 300, como revelou o presidente da Liga dos Combatentes (LC), general Chito Rodrigues, ao DN..Santiago do Cacém, no passado dia 24 de julho, foi a última localidade onde se realizou uma cerimónia de inauguração de um Monumento de Homenagem aos Combatentes em Portugal, organizada pela Câmara Municipal e pelo núcleo de Vila Nova de Santo André da LC (foto principal)..Chito Rodrigues conta que entre 1974 e 2003 foram erguidos 52 desses monumentos e que as restantes duas centenas e meia foram inauguradas nos últimos 13 anos - que correspondem ao período da sua presidência da LC - por iniciativa das populações, das juntas de freguesia, das câmaras municipais e da Liga ou dos seus 112 núcleos espalhados pelo país. Questionado sobre o porquê de ainda haver tanto interesse nas comunidades locais em erigir um monumento aos combatentes da guerra colonial, o general considera que isso "é a expressão de um sentimento profundo nacional acerca do que foi a guerra colonial e dos sacrifícios que o povo português fez nesse conflito"..Os dados oficiais indicam que a guerra colonial matou cerca de nove mil militares em Angola, Guiné e Moçambique, deixando ainda dezenas de milhares de soldados feridos e com deficiências de vários graus..Presidente da LC desde 2003, o balanço que Chito Rodrigues faz destes 13 anos apoia-se em números: "Tínhamos 64 núcleos e agora são 112, havia 320 dirigentes e agora temos 587, os técnicos de saúde eram zero e agora há 60....".O número de monumentos no país em memória da guerra colonial é outro indicador: "De 1974 a 2003 fizeram-se 52. Nos últimos 13 anos foram cerca de 250", elevando o total para a casa dos 300 - a que se junta a centena dos que evocam a participação de Portugal na I Grande Guerra, acrescentou..Quanto às casas de saúde - no Porto e em Estremoz - que a nonagenária LC inaugurou em 2015, Chito Rodrigues revela alguma frustração com as respostas da Segurança Social (SS) face ao que foram as expectativas criadas..O apoio recebido abrange apenas 25 dos 73 utentes que o centro de Estremoz pode acolher - e vai continuar a ser assim este ano, em vez de aumentar para os 50 que foram propostos pela própria SS, conforme decisão recebida no final de julho, explicou o general, com desalento. "Não se trabalha assim, passa-se de uma premissa a outra... é uma situação que chateia.".Devido a isso e apesar da meia centena de candidatos que estão em lista de espera para admissão na casa de saúde de Estremoz, Chito Rodrigues garante não poder recebê-los porque o valor das respetivas reformas é demasiado inferior ao custo real dos cuidados prestados sem a referida contribuição da SS. "Há um sentimento de frustração, que tenho de vencer como presidente da Liga dos Combatentes, na luta pelo apoio aos combatentes e às suas famílias devido à não compreensão [desse esforço] por algumas instituições públicas e privadas", desabafou o general, a poucos meses de a Liga celebrar 93 anos de existência..A chamada Residência São Nuno de Santa Maria tem atualmente 46 utentes, dos quais só 25 recebem apoio da SS. "A LC vê-se assim na contingência de ter de receber utentes com mais posses, deixando de apoiar quem mais precisa", explicou a instituição, em comunicado..Por isso, concluiu, a Liga dos Combatentes, apesar de "já ter utentes interessados para completar as vagas existentes [Estremoz], tem de se manter aquém desse objetivo com elevado prejuízo para a gestão normal da residência. Apelamos por isso aos responsáveis da SS para que seja com urgência revista esta situação".