Presidente e vice-presidente da Fundação O Século vão ser constituídos arguidos
A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje buscas nas instalações da Fundação O Século, em São Pedro do Estoril, concelho de Cascais, por suspeitas de crimes económico-financeiros cometidos por alguns elementos, disse à Lusa fonte policial.
A mesma fonte indicou que as buscas foram realizadas por elementos da Unidade Nacional de Combate à corrupção (UNCC) e que em causa estão suspeitas de peculato e abuso de poder.
Emanuel Martins e João Ferreirinho, respetivamente o presidente e o vice-presidente da fundação, vão ser constituídos arguidos, apurou o DN junto de fonte da Polícia Judiciária.
Num comunicado na sua página na internet, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa informa que no âmbito das diligências foi apreendida "documentação contabilística/financeira e de atas relevantes para o objeto da investigação".
A Procuradoria diz que a PJ efetuou os mandados de busca e apreensão, emitidos pelo magistrado do Ministério Público da comarca de Lisboa Oeste, "no âmbito de processo de Inquérito, no qual se investigam, nomeadamente, a prática de condutas ocorridas entre 2012, até à presente data, suscetíveis de integrar a prática dos crimes de peculato e de abuso de poder".
O processo, adianta-se na nota, prossegue na 3.ª Secção do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Sintra, da Comarca de Lisboa Oeste, coadjuvado pela da PJ/Unidade Nacional de Combate Corrupção.
Os dirigentes da IPSS terão usado cartões de crédito da instituição para pagar despesas pessoais, como jantares e viagens. Em causa estará ainda a contratação abusiva de familiares dos dirigentes para cargos na instituição.
Fonte oficial da instituição confirmara que elementos da PJ estiveram hoje de manhã na sede da Fundação e que "levaram documentos", acrescentando que "não há arguidos".
Fundação aguarda "serenamente" e presidente diz estar de consciência tranquila
A Fundação, disse ainda, "aguarda serenamente as conclusões da investigação", acrescenta a Lusa.
O presidente da Fundação O século já disse estar de consciência tranquila e garantiu que não há irregularidades na gestão da instituição, aguardando com serenidade o resultado da investigação em curso.
"Investiguem o que houver para investigar e ajam em conformidade. Não temos de ficar contrariados com as investigações", disse Emanuel Martins aos jornalistas após a PJ ter apreendido documentos da fundação por suspeitas de peculato e abuso de poder.
O presidente do conselho de administração da fundação disse não ter sido constituído arguido e nem estar preocupado com quem fez a denuncia sobre irregularidades na instituição, que deu origem à investigação da PJ, alegando ser normal face ao clima que envolve algumas instituições de solidariedade social.
"Somos um povo de modas. Ninguém se surpreende com as queixas que se fazem e no clima que estamos a viver é normal. Não estou preocupado com quem fez a queixa", acrescentou.
Nas mesmas declarações Emanuel Martins aproveitou para apontar o dedo à Câmara Municipal de Lisboa dizendo que a autarquia "ficou com 4,3 milhões de euros e deu [à fundação] apenas um milhão daquilo que devia e ficou com a Feira Popular depois de ter havido um acordo".
Segundo a sua página na internet, a fundação "O Século" tem como missão promover e contribuir para a criação de condições e oportunidades, que possibilitem não só o desenvolvimento sócio-cultural de crianças, como a assistência social a idosos e pessoas menos favorecidas ou em risco social.
Com Lusa