Fazenda usa Passos para demarcar Bloco do PS
Foi um discurso de separação de águas e, curiosamente, tendo Pedro Passos Coelho como âncora. Luís Fazenda, fundador do Bloco de Esquerda (BE) socorreu-se, esta tarde, na Convenção do partido, das ideias que o presidente do PSD tem veiculado - dizendo que Bloco e PCP são corresponsáveis pela governação do país - e procurou demarcar os bloquistas do PS de António Costa.
"Apoiámos o atual governo minoritário do PS porque foi a forma de afastarmos o Governo de direita", começou por notar, vincando, de seguida, que "isso não autoriza as palavras de Passos Coelho". Fazenda sublinhou que se o Bloco fosse Governo teria uma agenda diferente, nomeadamente no que toca aos compromissos europeus, ao Tratado Orçamental, à criação de condições para que haja investimento público ou na defesa dos serviços públicos.
"Este é o Governo que estamos a apoiar mas não é o nosso Governo de esquerda. Queremos ir mais longe, muito mais longe. O nosso Governo de esquer quer ir muito mais longe", observou o histórico bloquista. De caminho, subiu o tom: "O atual PS não garante esse governo de esquerda."
Para futuro, Fazenda deixou um aviso. "Estamos numa maioria parlamentar, mas estamos a preparar uma alternativa. Este partido que está aqui defende uma alternativa", disse perante os delegados da Convenção presentes no pavilhão do Casal Vistoso.
A rematar, o fundador do partido que tem este fim-de-semana a sua décima reunião magna regressou aos ataques à direita, com ricochete no PS: ao contrário de quem quis uma coligação governativa que acabou por não vigar, atirou, "o Bloco demarcou-se bem do programa do PS".