Exonerado diretor coordenador do Estado-Maior do Exército

Comandante do Exército exonerou major-general Marco Serronha e colocou-o no gabinete do comandante das Forças Terrestres
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O major-general Marco Serronha foi exonerado há uma semana do cargo de diretor coordenador do Estado-Maior do Exército, soube ontem o DN. Está por saber se a decisão é consequência de uma notícia relacionada com o furto nos paióis de Tancos e publicada há dois fins de semana pelo Expresso.

O porta-voz do ramo confirmou ao DN que Marco Serronha - que o DN tentou contactar - foi exonerado e colocado no gabinete do comandante das Forças Terrestres (CTF), escusando-se a comentar as razões da decisão do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte. Assim, só quando se souber se o militar é ou não promovido a três estrelas se poderá perceber se a exoneração antecipou a sua nomeação para CTF ou foi um castigo.

Recorde-se que o Expresso publicou no dia 16 cópias de um documento que "teria ficado por assinar no gabinete do CEME" e que, adiantou, se destinava "a alterar e a reforçar as medidas de segurança aos paióis de Tancos há cerca de um ano".

O que ontem também continuava por clarificar era a existência do alegado relatório secreto publicado este sábado pelo Expresso e igualmente relacionado com o furto nos paióis de Tancos. Daí resultou a manutenção das especulações sobre o autor ou autores do documento, após ser formalmente desmentida a sua existência nos termos em que foi noticiado pelo jornal.

Apesar de dizer que estava na posse do documento, o Expresso até agora só publicou citações críticas sobre a forma como o ministro da Defesa e o CEME agiram no caso de Tancos, bem como apreciações positivas à ação do Presidente da República.

O DN não conseguiu contactar o diretor do Expresso, nem por mensagem escrita nem por telefone. Mas Pedro Santos Guerreiro, citado ontem pela Renascença, afirmou o seguinte: "O Expresso vai publicar muito mais informação não só sobre este relatório mas sobre a investigação que está em curso. Vamos fazê-lo, obviamente, em primeira mão junto dos nossos leitores esta semana." À noite, na SIC, o jornalista mostrou o alegado documento com uma capa onde não havia indicação sobre o organismo, número de registo e grau de classificação.

Quem assegurou ao DN nada ter que ver com o caso foi o presidente do Grupo de Reflexão Estratégica Independente (GREI), almirante Melo Gomes. Este antigo comandante da Marinha observou ainda que "ninguém vai assumir que aquilo existe" - pelo que a batata quente fica nas mãos do jornal.

Outro oficial, no ativo e conhecedor do meio, explicou que os serviços de informações "não fazem relatórios de 63 páginas". O alegado relatório, frisou, "não tem nada que ver com a instituição militar", mesmo que possa ter sido feito por militares que já trabalharam no setor.

Mais, com base na sua experiência e dando exemplos que qualificou como mirabolantes, esta fonte assegurou que "há mitómanos na área das informações".

Luísa Meireles, uma das autoras do artigo, remeteu o DN para o esclarecimento feito pela direção do Expresso no próprio sábado, escusando-se a adiantar mais pormenores. Nessa nota, conhecida após o Estado-Maior-General das Forças Armadas desmentir categoricamente a existência daquele relatório feito pelos órgãos afetos às informações militares, o jornal reafirmava a sua existência e feito por "serviços de informações militares".

O Ministério da Defesa escusou-se ontem a fazer comentários, incluindo sobre se o ministro irá pedir a intervenção do MP. Fontes do setor ouvidas pelo DN admitiram existir possíveis ilícitos criminais, seja pela publicação de um relatório secreto ou por falsificação de documentos.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PS Pedro Delgado Alves acusou ontem o PSD de estar envolvido na divulgação e na tentativa de credibilização do suposto relatório. Em resposta, o deputado social-democrata Sérgio Azevedo repudiou as "insinuações torpes e fantasiosas do governo e do PS".

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